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O governo britânico solicitou, no último dia 6, que Elon Musk aja de forma responsável, após o bilionário da tecnologia ter feito uma série de publicações inflamadas sobre a escalada de violência no Reino Unido em sua rede social X (antigo Twitter). As autoridades acreditam que a influência do bilionário tem o poder intensificar a turbulência que assola o país. Elon frequentemente corrobora com discursos extremistas, inclusive disseminando fake news, como foi o recente caso das acusações falsas de que a pugilista Imane Khelif seria uma pessoa transgêreno (e que obrigou inclusive o Comitê Olímpico Internacional a se pronunciar formalmente confirmando o gênero feminino da atleta).

A ministra da Justiça, Heidi Alexander, criticou as declarações de Musk, que em uma de suas publicações afirmou que “a guerra civil é inevitável” no país. Alexander, em entrevista à Times Radio, sublinhou que “o uso de termos como ‘guerra civil’ não é de forma alguma aceitável”, especialmente em um momento em que há uma onda de violência nas ruas, com policiais feridos e edifícios incendiados. Musk, que frequentemente provoca polêmicas com suas intervenções nas redes sociais, gerou nova controvérsia ao sugerir que o sistema de justiça criminal britânico favorece muçulmanos em detrimento de ativistas de extrema-direita, além de comparar a “repressão” nas redes sociais britânicas à antiga União Soviética.

O Reino Unido tem sido palco de distúrbios há mais de uma semana, com a polícia enfrentando multidões que gritam palavras de ordem anti-imigração e islamofóbicas em várias cidades, desde a Irlanda do Norte até o sul da Inglaterra. Esses tumultos tiveram início após a disseminação de informações falsas por ativistas de extrema-direita, alegando que três meninas teriam sido mortas em um evento de dança dedicado à cantora Taylor Swift. O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, descreveu os eventos como “selvageria da extrema-direita” e anunciou a criação de um “exército permanente” de policiais especializados para conter a violência. Além disso, o governo tem pressionado empresas de redes sociais, como a X, a adotar medidas mais rígidas para combater a disseminação de informações falsas e inflamadas online. Heidi Alexander, afirmou que o governo está considerando reforçar a Lei de Segurança Online do Reino Unido, aprovada no ano passado, mas que só entrará em vigor totalmente em 2025. Alexander elogiou algumas medidas já adotadas pelas redes sociais, como a remoção automática de informações falsas, mas enfatizou que “há muito mais que as empresas de redes sociais poderiam e deveriam estar fazendo”.

Contactada pela Associated Press, a rede social X não respondeu aos pedidos de comentário. Enquanto isso, Elon Musk continuou a alimentar o debate sobre a violência no Reino Unido através de suas publicações, levantando questões sobre a responsabilidade das plataformas digitais e de seus proprietários na manutenção da ordem pública e na prevenção de discursos que possam incitar ao ódio e à violência.

Em abril, Elon Musk confrontou ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil, Alexandre de Moraes. O advogado-geral da União, Jorge Messias, classificou como “urgente” a necessidade de regulamentar as redes sociais após os comentários de Musk: “não podemos viver numa sociedade em que bilionários domiciliados no exterior têm o controle das redes sociais e se colocam em posição de violar o Estado de Direito”.

Em resposta às restrições impostas pela Justiça brasileira, a equipe de assuntos governamentais do X afirmou que “foi forçada por decisões judiciais a bloquear certas contas populares no Brasil”, sem poder revelar detalhes sobre as ordens judiciais. O Financial Times divulgou que os perfis bloqueados são ligados a movimentos de extrema direita. Musk, ao interagir com outros usuários, insinuou que as ordens judiciais vinham diretamente de Alexandre de Moraes e sugeriu que o ministro deveria “pedir demissão ou sofrer impeachment”. Musk chegou a acusar Moraes de “trair descaradamente a Constituição e o povo do Brasil”.

A pressão sobre as redes sociais para se adequarem às novas leis não é exclusiva do Brasil. O embate entre Musk e Moraes aconteceu em um momento de intensificação por parte dos tribunais brasileiros no combate às fake news e ao discurso de ódio. Uma recente resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exige que as redes sociais limitem a propagação de notícias falsas durante as eleições.

Musk já havia se desentendido com autoridades brasileiras em 2022 quando o X resistiu a mais de quinhentos pedidos do Ministério da Justiça para retirar do ar conteúdos suspeitos de inspirar violência em escolas. A empresa, que é sediada em São Francisco, nos Estados Unidos, acabou removendo parte do material solicitado. Moraes iniciou uma investigação para apurar possíveis envolvimentos de Musk em obstrução da Justiça, organização criminosa e incitação ao discurso de ódio, afirmando que “as redes sociais não são terras sem lei”.

Foto: Daniel Oberhaus, CC BY-SA 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0, via Wikimedia Commons

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