O documentário Fordlândia, de Marinho Andrade e Daniel Augusto, sobre a história da cidade idealizada pelo milionário norte-americano Henry Ford na floresta amazônica, para ser polo de abastecimento de látex, a matéria-prima dos pneus de sua fábrica de automóveis, no Brasil, encantou a plateia mocoronga, na sexta-feira, em Santarém.
O trabalho de pesquisa começou em 1991, através de depoimentos do historiador Cristóvam Sena, do jornalista Lúcio Flávio Pinto, e memórias dos poucos sobreviventes da epopéia na selva, que fracassou e terminou 18 anos depois, com prejuízo de US$ 25 milhões.
Hoje, ruínas de construções que marcaram época, poucos moradores, casas em estilo americano tomadas pelo mato, modelos da Ford sucateados retratam o abandono.
O filme mostra a emoção e perplexidade dos irmãos americanos Edi e Charles Townsend, que nasceram em Fordlândia e retornaram para rever o lugar, levando a família em 2006 para visitar as casas, a fábrica, o hospital, a escola, e relembrar o tempo em que Fordlândia chegou a ser considerada a cidade mais desenvolvida do Brasil.
O delírio de Henry Ford o fez atear fogo em 10% do gigantesco terreno concedido pelo governo paraense, importar a estrutura de uma cidade inteira em dois navios e tentar impor uma cultura totalmente estranha aos povos da floresta. Plantou um milhão de mudas de seringueiras – a árvore que produz o látex – ao longo da floresta. Sem informações especializadas, o plantio resultou no “mal das folhas” e, em dois anos, não foi suficiente para suprir a demanda de um só dia de trabalho da matriz nos EUA.
O documentário foi exibido em São Paulo e no Rio de Janeiro. O lançamento fora do território nacional deve acontecer em 2011. Outra proposta de divulgação é produzir um seriado televisivo.
Ontem, o documentário foi exibido aos moradores de Fordlândia. A equipe foi acompanhada por técnicos do Instituto Butantan, profissionais da imprensa de Santarém, jornalistas do New York Times e de O Estado de São Paulo.