
Estudo desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi analisou a conservação da biodiversidade em parte da malha viária do Pará que tem, hoje, mais de 60 mil Km e aponta: o modelo de ocupação demográfica amazônico gera, ano após ano, níveis significativos de desmatamento, resultado da abertura de estradas, do crescimento das cidades, da ampliação da pecuária extensiva, exploração madeireira e da agricultura de monoculturas.
Foram escolhidas três rodovias, duas federais: a Transamazônica (BR-230) e a Cuiabá-Santarém (BR-163), e uma estadual: a PA-273, que juntas totalizam mais de 3 mil Km de extensão. A coleta de dados foi obtida a partir de informações cartográficas digitais do IBGE e INPE.
O critério para a escolha foi a importância histórica na ocupação do Pará e o uso atual no transporte de produtos dentro e fora da região.
O resultado demonstra que o desflorestamento é significativamente maior do que o acumulado até 2008, quando a área desflorestada na Amazônia Legal brasileira chegou a 713 mil Km2, correspondendo a 13,7% em relação à área total e 17,7% sobre a da Amazônia em floresta.
A maior área desflorestada se concentra ao longo do “Arco do Desmatamento”, cujos limites se estendem do sudeste do Maranhão, norte do Tocantins, sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e sudeste do Acre, ao longo das principais rodovias federais e estaduais.
No Pará, a cobertura florestal é de 66,1% e o desflorestamento acumulado até 2008 é 19,4% em relação à área total do Estado e 21,3% sobre a área do Estado em floresta. Contudo, o desflorestamento espacial não é homogêneo, mas concentrado ao longo das principais rodovias, o que evidencia a falta de políticas públicas.
Outro resultado encontrado foi a diminuição do desflorestamento em relação à distância de 50 Km de cada lado das estradas. Há grande desmatamento perto das estradas, variando entre 50% a mais de 80%, nos primeiros quilômetros. Mas cai consideravelmente, em faixa posterior aos 50 Km. Clique no mapa para visualizar melhor.