Ontem, 09 de dezembro de 2023, o povo católico marajoara acordou com uma notícia estarrecedora – a Nunciatura Apostólica informou ao Bispo Emérito da Prelazia de Marajó, D. José Luís Azcona Hermoso, que deixasse a residência oficial dos religiosos em Soure. Nos seus 83 anos de idade, dos quais 36 anos dedicou sua vida, sua fé, seus sonhos de emancipação espiritual e social em defesa ética, honesta, leal e humanista das populações marajoaras, D. José recebe do alto escalão da Igreja Católica Internacional e Brasileira o prêmio mais amargo que um homem determinado a seguir seu chamado religioso, depois de exercer o sacerdócio por 60 anos, poderia herdar.
As verdadeiras razões da atitude da Nunciatura são conhecidas de poucos, a indignação dos/as religiosos/as, leigos/as e habitantes do arquipélago de Marajó contra a decisão ganha grandes proporções.
Tive a oportunidade de realizar o maior exercício de pesquisa até o presente momento em minha trajetória, debruçando-me em diferentes documentos escritos, orais e visuais sobre a trajetória de criação, fundação e ação da Prelazia de Marajó entre 1928/30 a 2007 em nove municípios da Amazônia Marajoara.
Acompanhei na documentação rastreada e analisada que a Igreja não é homogênea e que o conservadorismo, assim como a Teologia da Libertação tem várias faces capazes de provocar confusões no dia-a-dia da vida religiosa e sociocultural das comunidades rurais e urbanas na região marajoara.
Nesse momento, diferentes grupos de religiosos, leigos, cristãos e apoiadores do trabalho espiritual e social desenvolvido por D. José Luís Azcona estão sendo criados para pressionar a Jurisdição Eclesiástica da Igreja Católica em Roma e no Brasil, por meio de Documentos Coletivos, a rever a impactante decisão. O Movimento #Fica Dom José começou.
Dom José é Patrimônio Vivo de nossa região, inclusive respeitado e reconhecido por grupos de não católicos. Mesmo na lista dos 200 marcados para morrer desde 2007, ele se fez cotidianamente A VOZ DOS QUE NÃO PODEM FALAR AOS PODERES CONSTITUÍDOS E À GRANDE IMPRENSA.
Nascido em 28 de março de 1940 em Pamplona, Espanha, Doutor em Teologia Moral em 1968, D. José ao conhecer o Marajó na década de 1970, na condição de provincial, teve a certeza de seu chamado divino e social. Com ampla experiência em ajuda cristã e humanitária a trabalhadores imigrantes e suas problemáticas sociais na Alemanhã, identificou com visão ampla as estruturas de poder e dominação que impediam o desenvolvimento pleno das gentes dos Marajós de Campos e Florestas.
Ao mergulhar em profundidade no seio da história, da geografia, da cultura, dos saberes, das crenças e formas de vida marajoaras, nosso Bispo Emérito fez uma escolha que revela seu profundo amor e entrega sem limites à nossa região. Assumiu-se como MARAJOARA E MORRER PELO MARAJÓ.
Convidamos você a juntar-se a nós nesse movimento pacifista, cristão, humanista e sociocultural.
Amig@s, o Movimento #FICADOMJOSE precisa da vossa assinatura.
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