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O debate entre os presidenciáveis, ontem (29), reuniu Ciro Gomes (PDT), Felipe d’Avila (Novo), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB), mediados no estúdio da TV Globo por William Bonner, e escancarou o quão bizarra é a política brasileira. Nada de propostas concretas, apenas um bate-boca inútil e absurdo, que virou memes no território livre da internet. O brasileiro prefere rir do que chorar, é sabido. Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) furaram a bolha da polarização entre Lula e Bolsonaro, e tiveram a melhor performance, principalmente Simone Tebet, que passou uma descompostura: “Vamos tratar do Brasil, vamos tratar dos reais problemas, do problema da fome que vossa excelência, como presidente da República, disse que não tem, porque é insensível, não conhece a realidade do Brasil ou não deve andar nos grandes centros e ver nos semáforos crianças dormindo com fome e pedindo pelo amor de Deus por um prato de comida”, disse a Bolsonaro. “Eu lamento muito. Estamos a três dias da eleição, em uma das mais difíceis do Brasil. Hoje o que vemos aqui não é apresentação de propostas, mas ataques mútuos para ver quem roubou mais, quem é mais incompetente, mais insensível. Estou aqui para colocar você, eleitor cidadão, para o centro do debate”, completou.

No circo de horrores que se estendeu pela madrugada, Kelman acusou Lula de ter liderado o maior escândalo de corrupção da história mundial. Lula rebateu: “Eu tenho uma história de vida que o senhor não conhece. Eu vou voltar a ser Presidente da República porque o povo brasileiro está cansado de gente da sua espécie, de gente mentirosa. O senhor nem deveria se apresentar como candidato. De onde você veio?”. “O senhor tem de respeitar um padre”, advertiu Kelmon. “O senhor é um padre fantasiado”, respondeu Lula.

O debate foi um Festival de Besteira que Assola o País, o Febeapá, neologismo tupiniquim criado há mais de cinquenta anos pelo escritor Sérgio Porto, codinome Stanislaw Ponte Preta, que fustigava os despautérios cometidos pelos donos do poder em textos brilhantes e devastadores. Questionado sobre a cultura, Ciro Gomes disse que ela “afirma a identidade de um país, de uma nação. Minha proposta: recriar o Ministério da Cultura”. William Bonner acabou sendo alvo dos memes, pelas várias vezes em que foi preciso ele pedir à produção para cortar o som dos microfones dos candidatos, que não obedeciam às regras. O jornalista se manteve sereno mas o diagnóstico de “síndrome de burnout” bombou nas redes sociais, principalmente no Twitter.

Bolsonaro chamou “chefe de quadrilha” para Lula, que respondeu: “esperava que o atual presidente tivesse o mínimo de honestidade. Ele falar que montei quadrilha, tendo a quadrilha da ‘rachadinha’ dos filhos dele? A quadrilha do Ministério da Educação, com barras de ouro? Ele precisava se olhar no espelho e saber o que está acontecendo no governo”. Em direito de resposta, Bolsonaro fez a tréplica: “mentiroso, ex-presidiário. Traidor da pátria. ‘Rachadinha’ fizeram seus filhos, roubando milhões de empresas depois de sua chegada ao poder. Deixe de mentir, tome vergonha na cara.”

“O senhor pretende dar um golpe de estado?” questionou a candidata Soraya a Bolsonaro, que imputou a ela pedido de cargos. “A senhora gosta de um cargo, deitar e rolar. Como não conseguiu, virou inimiga nossa. Mas tudo bem, é a política”.

“Usar dinheiro da Lei Rouanet para a imoralidade é o que nós víamos no governo do PT”, afirmou o candidato Padre Kelmon, que acusou Soraya de ser “de esquerda”. Como todo mundo sabe, a senadora é de um partido de direita e tem ideias relacionadas ao eixo político conservador. Ela perguntou se ele não tem medo de ir para o inferno.

O candidato do Novo, Felipe D’Ávila, foi chamado de “Amoedo da Shoppee”, em alusão a João Amôedo, um dos fundadores do seu partido. Um dos mais questionados e apontados durante o debate, Lula foi comparado a Juliette na famosa dinâmica das plaquinhas do BBB. Confiram alguns dos memes. E mantenham a sanidade.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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