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O clube de futebol alemão St. Pauli anunciou sua saída da rede social X (antigo Twitter), em resposta à crescente preocupação sobre a plataforma que, segundo o clube, se tornou um “amplificador de ódio”. Na declaração, St. Pauli atribui a Elon Musk a transformação da plataforma em um espaço onde “racismo e teorias da conspiração são disseminados sem controle”, com insultos e ameaças sendo tolerados sob a justificativa de “liberdade de expressão”. Além disso, o clube apontou que Musk influenciou a campanha para as eleições parlamentares alemãs, expressando apoio a políticas de extrema-direita.

A decisão de saída da plataforma não é isolada. Diversas contas com grande número de seguidores também abandonaram o X após a eleição de Donald Trump para seu segundo mandato presidencial. Musk não apenas apoiou publicamente o ex-presidente como também se alinhou ao novo governo. O magnata foi nomeado líder de um recém-criado “Departamento de Eficiência Governamental” nos Estados Unidos, um cargo que lhe concede influência significativa sobre questões políticas.

A decisão do St. Pauli e a saída de outros usuários emblemáticos, como a atriz Jamie Lee Curtis, o jornalista Don Lemon e o jornal britânico The Guardian, refletem a insatisfação com a direção que a plataforma tomou desde a aquisição por Musk. O Guardian, com 27 milhões de seguidores em diversas contas, anunciou que não mais utilizará o X devido à propagação de teorias da conspiração de extrema-direita e conteúdos racistas. Lemon, que acumula 1,5 milhão de seguidores e atualmente enfrenta uma disputa legal contra a plataforma, expressou que o X não é mais um espaço seguro para o debate. Curtis, com mais de 745 mil seguidores, também desativou sua conta. O jornal espanhol La Vanguardia também anunciou sua saída do X por ser uma “rede de desinformação”.

A ascensão de Musk como figura influente da extrema-direita e seu apoio público a Trump criaram um ambiente no qual o X começou a priorizar conteúdos conservadores, resultando em uma perda de confiança e lealdade de diversos usuários, incluindo personalidades e grandes marcas que eram adeptas da plataforma.

Outro ponto de crítica é a nova política de termos de serviço do X, que exige que os usuários concordem com o uso de suas postagens para treinar modelos de inteligência artificial da empresa, como o Grok, o serviço de IA generativa de Musk.

Após a eleição, o X registrou seu maior êxodo de usuários desde a compra de Musk em 2022. Plataformas como Bluesky e Threads observaram um crescimento notável de novos usuários. O Bluesky, por exemplo, recebeu mais de 1 milhão de adesões em uma semana, elevando sua base para 15 milhões de pessoas, enquanto o Threads, da Meta, ultrapassou 275 milhões de usuários mensais ativos. Esse movimento de transição inclui tanto figuras públicas quanto grupos organizados, como a comunidade de fãs de Taylor Swift, que migraram para o Bluesky.

Dentre as preocupações dos usuários que optam por manter suas contas, mesmo inativas, está o receio de que seus perfis possam ser tomados por outros, especialmente se esses nomes de usuário forem relevantes e suscetíveis a personificação. No entanto, a crescente percepção de que o X se tornou um “espaço de deterioração subjetiva”, como descreveu Rory Mir, diretora do grupo de direitos digitais Electronic Frontier Foundation, faz com que as pessoas que “ficaram” simplesmente não publiquem mais e nem utilizem o meio para nada.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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