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A coisa está feia na Alepa. Tanto que até a assessoria de imprensa virou notícia. É que a jornalista Rose Gomes, servidora concursada da Casa, acaba de fazer representação contra seu recém-nomeado chefe. Leiam abaixo a íntegra do documento:
“À Sra Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor/PA),
Sheila Faro
Ao Sr. Sidney Dantas,
Da Comissão de Ética  do Sinjor/PA
Senhores, represento junto ao Sindicato dos Jornalistas Estado do Pará contra o jornalista Irisvaldo Laurindo de Souza – conhecido como Iran Souza-, chefe da Assessoria de Imprensa e Divulgação da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), por quebra de princípio ético  a minha pessoa, Rosemary Gomes Silva da Silva, jornalista Profissional DRT-1079, servidora lotada na Assessoria de Imprensa da Alepa, atuando como repórter da Rádio Legislativa (serviço de radiojornalismo da assessoria).
Senhores, na última quarta-feira (22), fiz uma matéria suíte sobre a fraude dos contracheques na Assembleia Legislativa com o líder do PSOL, deputado Edmilson Rodrigues, que solicitava ao Ministério Público do Estado (MPE) o acompanhamento por um de seus membros nos trabalhos da Comissão de Sindicância instalada por ordem do presidente da Casa, deputado Manoel Pioneiro (PSDB), para apurar as irregularidades denunciadas.
 O Sr. Iran, na manhã desta quinta-feira (23), acusou-me de incompetente por não ter ouvido o outro lado e demitiu dois colegas: Jota Serrão e Carlos Estácio, editores cujos contratos são DAS (cargo de livre nomeação). Alegando que foi em função dessa matéria, responsabilizou-me, indiretamente, pela punição sofrida via demissão. Senhores, todos os dias os jornais tratam sobre a fraude dos contracheques, ora destacando uma questão ora outra.  Ainda nesta quinta-feira, soube que este sr. desconsiderou a demissão de Carlos Estácio, mas manteve a de Jota Serrão.
Na quarta-feira (22), após a entrevista com o deputado Edmilson Rodrigues, no plenário, fui para a sala da Rádio Legislativa, que fica em outro prédio da Alepa. E fiz o texto, que trata tão somente do documento que o deputado iria elaborar e apresentar ao Ministério Público. Antes disso não chegou a mim nenhuma pauta ou comunicado sobre a entrevista do presidente sobre este documento de Edmilson ou outro assunto. Soube por meio dos colegas de  jornal, nesta quinta-feira, que bem depois da entrevista com Edmilson, o presidente deu entrevista sobre o caso das fraudes, mas não sobre o pedido do MPE.   
Tirando esse e outros poucos casos específicos, nas demais matérias, que são de caráter geral, todos os lados daquele Parlamento pluripartidário foram ouvidos quando necessário. Sempre os jornalistas da Casa respeitaram a regra da diversidade de opinião. A prova disso é que nenhum deputado, servidor ou cidadão comum, em uma década de serviço de rádio, fez qualquer crítica, censurou ou pediu vigilância sobre o que era produzido e iria ao ar.   
  
Em função desta matéria, que foi veiculada apenas internamente (pois o programa de rádio da Assembleia ainda não voltou a ser divulgado externamente), este Sr. esbravejou em sua sala ( que é toda de vidro e fica de frente para o Serviço de Som do Plenário), acusando-se de incompetente e enfatizando que incorri em “grave erro jornalístico”, fato do qual se admirava em virtude de meu tempo de trabalho na Alepa . Tentei explicar-lhe qual era a rotina de trabalho que tínhamos na Casa e que a matéria, por si só, não perderia sua importância por ser apenas suíte e porque o entrevistado não acusava ninguém da atual legislatura, apenas pedia ao MP seu acompanhamento na Sindicância.
Senhores, desde que foi criado o serviço de Rádio, em 2001, nunca houve esse grau de desconfiança e clima. Sempre repórteres e editores tiveram liberdade para trabalhar. O chefe deve, sim, procurar o editor, repórter e vice-versa para tratarem dos assuntos em pauta. Mas dentro da cordialidade e respeito. Não aos berros! Nunca!
No período de 2003 a 2006 (gestão do então presidente Mário Couto), por exemplo, a Rádio trabalhou diretamente com a comunidade, atendendo cartas que eram respondidas pelos próprios deputados. Algumas vezes críticas eram feitas à Assembleia e prontamente respondidas pela Presidência e demais deputados envolvidos. E isso com certeza foi bom para o Poder Legislativo, para a sociedade e para equipe que ali trabalhava. As poucas vezes em que o chefe da assessoria interveio na questão foram dentro dos limites da democracia, visto que a Casa tem 41 deputados e todos sempre foram ouvidos sem nunca haver interferência de nenhum deles em nosso trabalho.
Na semana passada, durante a primeira reunião com sua equipe, este sr. esbravejou comigo diversas vezes, demonstrando estar fora de si, porque apresentei sugestões para o melhor andamento do trabalho, tais como: promover o entendimento entre jornalistas e seguranças da casa para não ocorrer os estresses costumeiros  entre repórteres e estes agentes (que apenas seguem ordens da chefia deles); e  convidar a jornalista Sílvia Regina Sales para a sub-chefia que ele anunciou que pretende criar. 
   
Há outros tipos de hostilidade que este sr. promove diariamente, tais como não permitir que eu leia os jornais, clipping de mídia e use o telefone da sala da chefia. Senhores, estes são instrumentos básicos para o trabalho de qualquer jornalista.
Em função do relatado (do qual tenho provas e testemunhas), solicito ao Sindicato dos Jornalistas do Pará que receba minha representação de quebra de princípio ético e acompanhe o desenrolar do caso, que pode se desdobrar em outras instâncias.
Atenciosamente,
Rose Gomes
DRT-1079”  
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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