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Ontem, na inauguração do Cineclube Sinjor, foi exibido o documentário “Em nome da Segurança
Nacional”, de Renato Tapajós(paraense radicado em Campinas), rodado em 1984, premiado
como Melhor Filme no Festival Internacional do Documentário em Oberhausen, Alemanha,
e Melhor Documentário, no Festival Internacional de Havana, Cuba, ambos em
1985.
O filme discute, a partir do Tribunal Tiradentes
– organizado em
maio/1983
pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo
-, a Lei de Segurança Nacional e a Doutrina da Segurança Nacional, impostas
pela ditadura militar no Brasil. O q
ue custou a Renato Tapajós um dos mais
violentos processos políticos – com base na famigerada LSN – que quase o levou –
de novo – à cadeia
.
“Em
Nome da Segurança Nacional” – proibido à época pela Censura – documenta o Tribunal Tiradentes, que julgou e
condenou a Lei de Segurança Nacional. As sessões,
realizadas no Teatro Municipal de São
Paulo, são presididas pelo senador Teotônio Vilela, com emocionantes
depoimentos do jornalista Hélio Fernandes (diretor da “Tribuna da
Imprensa”), da presidente da UNE, Clara Araújo, do líder camponês,
representante da Pastoral da Terra, Daniel Hersch, dos ex-presos políticos
Rosalina Santa Cruz e Ivan Seixas e do então líder sindical e presidente do PT,
Lula.
O advogado Luis Eduardo Greenhalg defende
a Lei de Segurança Nacional. Para isso, conta como a Doutrina de Segurança
Nacional chegou ao Brasil através dos oficiais que integraram a FEB, no fim da 2ª
Guerra Mundial: eles fizeram estágio no National
War College
, nos EUA, o que resultou na criação da Escola Superior de
Guerra – onde se gestou grande parte do golpe de 1964. As imagens que sustentam
esse trecho são de documentários de guerra americanos, com trilha sonora de
hits de Glenn Miller. Greenhalg conceitua o inimigo da Doutrina de Segurança
Nacional: o cidadão que não concorda com o regime militar. Imagens associam um
desfile militar no Brasil com cenas de tortura.
A acusação, a cargo de Márcio Thomás Bastos, pede a
revogação da LSN. E o corpo de jurados a condena, em paralelo remetendo a uma
manifestação popular que é, na verdade, a primeira manifestação pública da
Campanha das Diretas.
Intercalando
os depoimentos com cenas de arquivo, o filme mostra imagens do cinegrafista da
TV Liberal, Gouvêa Jr., feitas quando da prisão e julgamento, em Belém do Pará,
dos padres franceses Aristides Camio e François Gouriou, e faz expressas
referências à pistolagem e luta pela posse da terra, além da guerrilha do
Araguaia, no sul do Pará.
Depois
do filme houve um debate, puxado pelo presidente da Associação de Críticos de
Cinema do Pará, Marco Antonio Moreira, e seu vice, professor Arnaldo Prado Jr.
A
feliz parceria da ACCDP – entidade que já tem 50 anos e é talvez a mais antiga
do Brasil – com o Sindicato dos Jornalistas do Pará vai proporcionar, sempre na
primeira terça-feira de cada mês, a exibição, gratuita e aberta a qualquer
pessoa, de bons filmes como esse. Não percam. O Sinjor fica na Rua Diogo Móia,
nº986, entre Tv. 14 de Março e Alcindo Cacela.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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