Publicado em: 22 de dezembro de 2025
O futebol paraense vive um momento de contrastes marcantes. De um lado, o Paysandu amarga a queda para a Série C do Campeonato Brasileiro, consequência direta de uma gestão desastrosa, marcada por decisões equivocadas, instabilidade administrativa e um acúmulo preocupante de processos trabalhistas – em um cenário que se construiu a partir de 2017. Do outro, o Remo celebra o acesso à Série A, feito histórico que recoloca o clube azulino no principal palco do futebol nacional. Dois gigantes locais, duas realidades distintas, que ajudam a desenhar um cenário tão desafiador quanto simbólico para o nosso futebol.
No Paysandu, apesar do baque esportivo, o discurso começa a se alinhar à realidade da Série C. As contratações anunciadas até aqui indicam uma tentativa de maior coerência com o novo momento do clube. Nomes como os do treinador Júnior Rocha, do executivo Marcelo Sant’Ana, do goleiro Jean Drosny, do meia Caio Mello, do lateral-direito JP Galvão e do zagueiro Castro apontam para um perfil mais compatível com uma competição longa, dura e de orçamento mais restrito. A palavra de ordem parece ser adequação: menos apostas mirabolantes e mais foco em jogadores funcionais, capazes de sustentar uma campanha competitiva.
Paralelamente ao campo, o Paysandu tenta reorganizar a casa fora dele. O ano de 2026 trará de frente um passivo trabalhista significativo, com ações movidas por ex-jogadores do clube como Leandro Vilela, Rossi, Benítez e André Lima. Resolver, ou ao menos equacionar, tais pendências será fundamental para devolver alguma credibilidade institucional ao clube. A nova temporada se apresenta, portanto, como um período de reconstrução quase obrigatória, com um objetivo claro e inegociável: o retorno à Série B. Missão nada simples em uma Série C que promete ser extremamente equilibrada e competitiva.
No Baenão, o clima ainda é de comemoração pelo acesso, impulsionado também pela perspectiva de um orçamento muito mais robusto com a disputa da Série A em 2026. No entanto, nem tudo são flores. O Remo conviveu recentemente com uma série de negativas de treinadores e jogadores (Tiago Nunes, Renato Gaúcho, Pedro Rocha etc.), que optaram por outros projetos, evidenciando que o planejamento
precisa ser sólido para transformar o acesso em permanência. A diretoria azulina sabe que a Série A exige mais do que entusiasmo: requer estratégia, timing e escolhas muito bem calculadas.
Nesse contexto, a contratação do colombiano Juan Carlos Osório surge como um movimento ousado e de impacto. Treinador com currículo internacional, experiência em Copa do Mundo e passagem pelo futebol brasileiro comandando o São Paulo e o Athletico-PR, Osório chega com a missão de dar identidade e competitividade ao Remo. Talvez ele necessite de um tempo de adaptação – até mesmo pelos métodos pouco ortodoxo por ele usados. Dentro de campo, a confirmação de Alef Manga, que estava no Avaí-SC, para o ataque anima a torcida e sinaliza que o clube busca peças com rodagem e capacidade de decisão para enfrentar o alto nível da elite nacional. As renovações do goleiro Marcelo Rangel e do lateral Marcelinho também foram movimentos importantes da diretoria do clube.
Paysandu e Remo seguem caminhos diferentes, mas compartilham desafios enormes e, sobretudo, a esperança de dias melhores. O bicolor luta para se reerguer e o azulino, para se consolidar. E que 2026 seja um ano de responsabilidade, aprendizado e crescimento para o futebol paraense como um todo.
Aproveito para desejar a todas as leitoras e a todos os leitores do Portal Uruá- Tapera um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de saúde, paz e boas notícias. Retorno no dia 05 de janeiro de 2026, falando sobre o início de mais uma temporada do nosso futebol local.








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