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De 2 de abril a 1º de setembro de 2024, “Lataria Espacial”, instalação de Emmanuel Nassar, estará aberta à interação do público, na Sala de Vidro do Museu de Arte Moderna de São Paulo. A obra do consagrado artista plástico, um jatinho inspirado no Phenom 300, contrasta a modernidade com precariedade, pois foi construída em pedaços de chapas de zinco galvanizadas pintadas com esmalte sintético, usando a geometria e cores de tons fortes. “Se o voo está ligado à imagem da liberdade que tanto aviões quanto pássaros evocam, uma das asas de Lataria Espacial está decepada, como se estivesse incrustada na parede”. De modo que “a obra parece tratar mais da impossibilidade de levantar voos do que da completa realização do desejo de liberdade”, comenta Cauê Alves, curador-chefe do MAM.

Inicialmente produzida para uma individual no Museu de Arte do Rio de Janeiro, “Lataria Espacial” partiu do desejo do artista de que no centro da sala estivesse uma instalação com atrativo para a interação, especialmente para um público jovem, de faixa etária e hábitos que ele associa também ao MAM São Paulo. A participação do público na obra é algo que interessa muito a Nassar. Em Bandeiras (1998), obra que faz parte da coleção do MAM, ele reuniu bandeiras de diversos municípios do Pará. Para isso, fez uma campanha de 14 meses em busca delas, incluindo dois meses de campanha publicitária em jornais do estado, pedindo que a população levasse as bandeiras até ele, em uma construção coletiva.

O artista conta que o interesse por busca interplanetária vem de uma memória afetiva. Nascido em 1949 em Capanema, no nordeste do Pará, Emmanuel Nassar é filho de um comerciante simples e de uma professora primária. Ele cresceu estimulado por diversas curiosidades sobre a conquista espacial, uma fixação de seu pai. “Ele era apaixonado pelas novidades do desenvolvimento do Brasil, pelos avanços tecnológicos. Essa coisa no meu trabalho é uma espécie de homenagem à memória do meu pai, pois eu sou filho dessa herança”, conta o artista.

No MAM, os visitantes poderão acessar a escadinha do avião, sentar, caminhar por um tapete vermelho e também interagir com uma mala de mão ao lado da porta do avião, onde o artista guarda os parafusos que sustentam a obra. O curador-chefe do museu atribui à experiência do contato com esta obra as qualidades de ser única e generosa. “Lataria Espacial permite que os diversos públicos do MAM se divirtam ao serem recebidos com o prestígio e status de um tapete vermelho, brinquem, tirem selfies com a bagagem, como se estivessem prestes a embarcar num sonho”, comenta.

Emmanuel Nassar é arquiteto e sua trajetória é vitoriosa. Teve mostras retrospectivas, dentre as quais Lataria Espacial, Museu de Arte do Rio, (2022); EN: 81-18, Estação Pinacoteca, São Paulo, SP (2018); A Poesia da Gambiarra, com curadoria de Denise Mattar, Centro Cultural Banco do Brasil, RJ; Brasília, DF (2003); e Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP (1998). Também realizou individuais em diferentes instituições, como: Millan, São Paulo, SP (2016, 2013, 2010, 2008, 2005, 2003); Museu Castro Maya, Rio de Janeiro, RJ (2013); Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, RJ (2012): Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo, SP (2009); Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP (2003).

Entre as mostras coletivas de que participou, se destacam I Bienal das Amazônias, Belém, Brasil; Brasil Futuro: as formas da democracia, Museu Nacional da República, Brasília, DF e Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, Belém, PA, em 2023; Desvairar 22, Sesc Pinheiros, São Paulo, SP (2022); Crônicas Cariocas, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ (2021); Língua Solta, Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, SP (2021); Potência e Adversidade, Pavilhão Branco e Pavilhão Preto, Campo Grande, Lisboa, Portugal (2017); Aquilo que Nos Une, Caixa Cultural Rio de Janeiro, RJ (2016); 140 Caracteres, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP (2014); O Abrigo e o Terreno, Museu de Arte do Rio, RJ (2013); Ensaios de Geopoética, 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (2011); VI Bienal Internacional de Estandartes, Tijuana, México (2010); Fotografia Brasileira Contemporânea, Neuer Berliner Kunstverein, Berlim, Alemanha (2006); Brasil + 500 – Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de São Paul, SP (2000); 6ª Bienal de Cuenca, Equador (1998); 24ª e 20ª Bienal de São Paulo, SP (1998 e 1989); representação brasileira na Bienal de Veneza, Itália (1993); U-ABC, Stedelijk Museum, Amsterdã, Holanda; e a 3ª Bienal de Havana, Cuba (1989).

Suas obras integram coleções como a Colección Patricia Phelps de Cisneros, Nova York, EUA, e Caracas, Venezuela; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte de São Paulo, São Paulo; Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Niterói; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, e University Essex Museum, Inglaterra.

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