Mesmo se pudesse, não colocaria em palavras o que é, nem o que quer, nem o que faz, nem o que gosta, nem do que é capaz. Não chegaria nem partiria muito menos estaria lá, não olharia nem fingiria, não limitaria o que conjugar, esqueceria de expressar, lembraria de ficar.
Não fugiria ao encontrar, não aparentaria não estar, falaria coisas sérias quando tudo fosse uma brincadeira, ficaria abobalhado quando a verdade chegasse, riria do nada, contemplaria o tudo, suaria as mãos, viraria fácil, dormiria no teto, esqueceria um monte, guardaria para sempre.
E por mais estranho que fosse, esconderia e compartilharia, sorriria ao ser pego, endureceria às questões, quem sabe emudeceria depois das duas, e sonharia depois da chuva, mostraria o impossível, diria nem cedo nem nunca, jamais.
Perderia todas, feliz da vida, sem pestanejar, andando de bicicleta, plantando bananeira. E tomaria sem reclamar café escaldante na tarde mais quente do ano, e tomaria sorvete em graus abaixo de zero. Nadaria nas pedras que todo dia farão seu caminho, agarraria o que ninguém quisesse, agradeceria pelo infortúnio, e com isso seria tão, tão feliz…
Seria estranho aos que passassem, normal aos que ficassem, único aos que observassem. Sentiria, aconteceria, choraria e sorriria mais que o normal, tudo isso se um dia fosse, se um dia pudesse dizer o que é, o que quer, o que faria se fosse capaz de colocar em palavras, se soubesse em que pessoa conjugar.”
Não fugiria ao encontrar, não aparentaria não estar, falaria coisas sérias quando tudo fosse uma brincadeira, ficaria abobalhado quando a verdade chegasse, riria do nada, contemplaria o tudo, suaria as mãos, viraria fácil, dormiria no teto, esqueceria um monte, guardaria para sempre.
E por mais estranho que fosse, esconderia e compartilharia, sorriria ao ser pego, endureceria às questões, quem sabe emudeceria depois das duas, e sonharia depois da chuva, mostraria o impossível, diria nem cedo nem nunca, jamais.
Perderia todas, feliz da vida, sem pestanejar, andando de bicicleta, plantando bananeira. E tomaria sem reclamar café escaldante na tarde mais quente do ano, e tomaria sorvete em graus abaixo de zero. Nadaria nas pedras que todo dia farão seu caminho, agarraria o que ninguém quisesse, agradeceria pelo infortúnio, e com isso seria tão, tão feliz…
Seria estranho aos que passassem, normal aos que ficassem, único aos que observassem. Sentiria, aconteceria, choraria e sorriria mais que o normal, tudo isso se um dia fosse, se um dia pudesse dizer o que é, o que quer, o que faria se fosse capaz de colocar em palavras, se soubesse em que pessoa conjugar.”
(Gabriella Florenzano, no blog Flores de Agosto).
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