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“Prezada Franssinete,
Confirmo a você que, a pedido, em carta enviada ao Dr. Lauro Barata na última segunda-feira, solicitei oficialmente a minha saída da Sociedade Paraense de Oftalmologia (SPO), o que infelizmente o Dr. Lauro Barata não informa que foi a pedido, diante dos constrangimentos que sofri até mesmo pela própria SPO, na pessoa do seu presidente. Vou enviar para seu e-mail posteriormente as cópias digitalizadas da carta que ele me enviou e da resposta que encaminhei a ele. Aproveito a ocasião, Franssinete, para lhe prestar informações de situações inverídicas já repassadas a você e que não me manifestei por achar que não valia à pena responder a acusações sem fundamentos, uma vez que meus 20 anos de trabalho são a melhor resposta a esse tipo de situação.
Há 12 anos, eu participo dos mutirões de cirurgias de catarata realizados pelo Ministério da Saúde e Governo do Estado do Pará, e já operei pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em mais de 50 municípios do Estado, alguns muito distantes da capital, onde poucos especialistas aceitam trabalhar. Toda a minha vida profissional é pautada na dedicação ao atendimento aos pacientes do SUS, que são reconhecidamente as pessoas mais carentes. No entanto, depois de todo o trabalho de assistência que tenho feito pelo SUS no Estado, e ao longo de vários governos, sem me ater em nenhum momento a questões políticas, passei a sofrer uma severa perseguição ao participar dos mutirões de cataratas feitos em Belém.
Outra informação importante a lhe repassar é que o Hospital Oftalmológico Cynthia Charone (HOF) não recebe TODOS os encaminhamentos de consultas de Belém, como foi dito em certa ocasião, e o mapa de consultas do hospital é público, e por ele pode-se comprovar que não são encaminhadas para nós nem 50% das consultas que disponibilizamos por mês.
Por outro lado, em nosso hospital trabalham 18 oftalmologistas, e foi o primeiro a ser aprovado pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB) como referência de alta complexidade em oftalmologia. A CIB, como você sabe, é uma instância formada por gestores estaduais e municipais, ligada à Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que fica em Brasília.
Procedimentos que os municípios não conseguem realizar, e até mesmo que outros hospitais públicos não oferecem condições técnicas, são encaminhados para o HOF, que, por todas essas características técnicas, apresenta uma capacidade maior de realizar atendimento digno, onde o paciente não precisa ficar longos meses à espera de uma consulta especializada pelo SUS, diferente de estabelecimentos que também prestam serviços ao SUS mas não ofertam aos pacientes os melhores serviços. Alguns chegam a trabalhar com apenas dois médicos oftalmologistas. Essa informação é fácil ser checada, basta consultar os dados do SUS sobre os prestadores de serviços oftalmológicos em Belém.
Como membro da SPO, sempre procurei honrar seu estatuto, bem como honrar o Código de Ética Médica. No entanto, a SPO nunca me defendeu de acusações inverídicas como as que citei acima, e no momento em que realizei em Belém a campanha de prevenção ao Glaucoma que eu já fazia há mais de 5 anos em Castanhal, fui vítima de sérios constrangimentos por parte do presidente da SPO, que, por sua vez, não realizou nenhuma ação na capital nem no interior referente à prevenção do glaucoma, que é a maior causa de cegueira no mundo.
Diante destes fatos é que solicitei meu desligamento da SPO, mas continuo membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG). Aproveito ainda para convidá-la a conhecer o HOF, e comprovar de perto como é o atendimento que prestamos aos pacientes do Sistema Único de Saúde. Nossas portas estão abertas para você e para todas as pessoas que queiram conhecer o atendimento prestado pelo Hospital.
Grata pela atenção,
Dra. Cynthia Charone
Médica Oftalmologista” 

Belém, 07 de Junho de 2011.
Ilmo Sr.
Dr. Lauro Barata
Presidente da SPO – Sociedade Paraense de Oftalmologia
Prezado Dr.
Sirvo-me da presente, na condição de médica oftalmologista devidamente inscrita no CRM/PA sob a matrícula nº 5348, para apresentar manifestação expressa a Sociedade Paraense de Oftalmologia, sobre os fatos mencionados na notificação datada de 02 de junho de 2011.

Conforme contato telefônico mantido com Vossa Senhoria a respeito do “Dia Nacional de Combate ao Glaucoma”, perguntei-lhe se a SPO realizaria alguma ação sobre o tema no dia 26 de maio do corrente ano, para disponibilizar nossa Unidade Móvel de Oftalmologia, quando fui informada que inexistia qualquer atividade a esse respeito.

Então, informei-lhe que como de costume, sempre fiz ações de prevenção ao Glaucoma no Município de Castanhal e, que neste ano, por questões técnicas essa atividade não seria realizada naquele Município, iria desenvolver uma ação em Belém, através do HOf – Hospital Oftalmológico.

Por ser prestadora de saúde do SUS em Belém, Castanhal e Paragominas e ainda trabalhar com a classe menos favorecida, que tem imensa dificuldade de acesso à saúde; por ser membro da Sociedade Brasileira do Glaucoma; por saber da realidade das conseqüências do Glaucoma que é a maior causa de cegueira no mundo; e, por infelizmente conviver com esta triste realidade dentro da minha própria família, como cristã e solidária não poderia deixar de realizar uma AÇÃO HUMANITÁRIA sobre o tema ora elencado.

Sou sócia proprietária do primeiro hospital-dia em Oftalmologia, aprovado na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) como referência em alta complexidade, aguardando publicação no Diário Oficial da União pelo Ministério da Saúde, o que foi obtido com árduo trabalho e dedicação, com uma equipe de Oftalmologistas qualificada e após diversas adequações para se enquadrar em todas as exigências do Ministério da Saúde. Esta classificação é reconhecida nos níveis municipal, estadual e federal, consequentemente tornou-se de conhecimento público. Por isso acredito que a imprensa tenha me procurado.

Entretanto, como também é de seu pleno conhecimento, tão logo me contataram, achei por bem entrar em contato com a Sociedade Paraense de Oftalmologia através de Vossa Senhoria, para solicitar autorização para fornecer seu número de telefone à imprensa, tanto que, a partir desse contato o Senhor concedeu entrevista ao Jornal Diário do Pará, embora este fato não esteja mencionado em sua notificação, mas segue em anexo a cópia da matéria.

Porém, senhor presidente, como a SPO não tinha planejado nenhuma ação sobre o Glaucoma, acredito que o Jornal Liberal optou por não entrevistá-lo, mas novamente acredito que sobre esse fato, a empresa de comunicação deva ser consultada.

Portanto, sou convicta que não infringi o Estatuto da Sociedade Paraense de Oftalmologia, uma vez que viabilizei o seu contato com os órgãos da imprensa, que inclusive veicularam sua entrevista.

Em relação à Campanha em questão, a mesma é realizada pela Sociedade Brasileira de Glaucoma – SBG e, em nenhum local está escrito que o “Dia Nacional de Combate ao Glaucoma” deve ser encampado somente pelos órgãos representativos. Ao contrário, em vários locais do país até “óticas” se engajaram, realizando ações, conforme matéria anexa.

Em relação ao Art. 112 do Código de Ética Médica, o assunto em epígrafe não pode e não deve ser considerado sensacionalista, inverídico e muito menos publicitário visto tratar-se de serviço de utilidade pública que exprime dados divulgados pela OMS. Além do que em momento algum foi divulgado o endereço do HOf como prestador exclusivo dos serviços, e sim, como local de atendimento de saúde prestado à população carente. Além disso, o HOf nunca foi referenciado como único hospital engajado na campanha contra  o glaucoma. Pelo contrário, citei a Sociedade Paraense de Oftalmologia através de seu nome em entrevista fornecida ao telejornal “Bom Dia Pará”, momento em que ressaltei que TODOS os oftalmologistas estavam realizando tal procedimento em suas clínicas particulares, conforme se pode comprovar na entrevista ora anexa.

Muito me estranha que, após 13 anos de trabalho com saúde pública, atuando em mais de 50 municípios do interior do estado fazendo cirurgias de Catarata pela SESPA/SUS/Ministério da Saúde e desenvolvendo ações, também no interior, de combate ao Glaucoma, só agora, quando comecei a desenvolver estas atividades na Capital, esteja sendo alvo de constrangedoras e infundadas advertências.

Gostaria de saber por que, em todos esses anos desenvolvendo essas ações e prestando informações de esclarecimento nunca fui advertida ao realizar a campanha no interior? Por que nunca a SPO se manifestou contrária a tais eventos, quando realizados fora de Belém?…
E, sendo a SPO um órgão de classe, que defende os direitos dos Oftalmologistas, por que nunca se manifestou em meu favor, quando foram publicadas notícias maldosas e inverídicas a meu respeito, em colunas e sites tendenciosos?

É deverasmente lamentável constatar que a SPO que tem inúmeros assuntos urgentes e de real importância para tratar, esteja perdendo seu precioso tempo para se preocupar com entrevistas de cunho de utilidade pública, que só visam alertar a população de uma maneira geral, sobre os perigos decorrentes do glaucoma.

Isto posto, aproveito a oportunidade para nesta data, solicitar o meu imediato desligamento da Sociedade Paraense de Oftalmologia, como forma de repudio ao seu infeliz posicionamento. E ainda, que o presente procedimento seja devidamente arquivado, em perfeita sintonia com a legalidade e com a justiça.
 Dra. Cynthia Charone
Médica Oftalmologista – CRM 5348
Presidente do HOf – Hospital Oftalmológico
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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