os pés ardem no chão
à esquina cega
da espera da esperança
rente aos muros do sol
tão quietos quanto os espíritos da manhã
que apregoam o surrado amor
no olhar saqueado
na tarde enfurecidatarde demais sobre as janelas silenciosas
que debruçam inquietações
escancaram corações
sob os martelos do medo
pois a paz já foi assassinada
ao pé de uma árvore
com suas folhas amendrontadas
por detrás de uma igreja assustada
por baixo de pássaros que escondem os pescoços
no rosto de um Cristo aflito
sem lágrimas para derramar
onde a vida se esfola
abatida e depenada
na humanidade escassauma cidade em pedaços
ensanguentada por uma rajada de violências
e inocências
em redes crespusculares
em lares a expelir as vísceras da agonianão há caminhada sem temor
caminhamos no rumor da morte
(à sombra que engole o homem)(Ronaldo Franco, em Belém: 393 Janeiros)
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