0

os pés ardem no chão
à esquina cega
da espera da esperança
rente aos muros do sol
tão quietos quanto os espíritos da manhã
que apregoam o surrado amor
no olhar saqueado
na tarde enfurecida

tarde demais sobre as janelas silenciosas
que debruçam inquietações
escancaram corações
sob os martelos do medo
pois a paz já foi assassinada
ao pé de uma árvore
com suas folhas amendrontadas
por detrás de uma igreja assustada
por baixo de pássaros que escondem os pescoços
no rosto de um Cristo aflito
sem lágrimas para derramar
onde a vida se esfola
abatida e depenada
na humanidade escassa

uma cidade em pedaços
ensanguentada por uma rajada de violências
e inocências
em redes crespusculares
em lares a expelir as vísceras da agonia

não há caminhada sem temor
caminhamos no rumor da morte
(à sombra que engole o homem)

(Ronaldo Franco, em Belém: 393 Janeiros)

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Alô, polícia!

Anterior

Sugiram!

Próximo

Você pode gostar

Comentários