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Hoje é o Dia do Jornalista. Ao contrário do
que alguns equivocadamente imaginam, trata-se de profissão estressante, na
maioria das vezes mal remunerada e, no caso dos que se arriscam a buscar a
verdade e a publicar notícias desfavoráveis aos poderosos de plantão, muito
perigosa.
Se no feriadão e no
dia seguinte você lê, ouve e assiste aos jornais do dia e tem a notícia
atualizada nos sites e blogs é porque jornalistas trabalharam sem folga. A corrida
pela informação da última hora e a pressão por passar a notícia rápido e sem
erros faz de nós um dos profissionais mais fadados a morrer de ataque cardíaco.
Por causa das doenças de difícil diagnóstico precoce,
parte significativa dos jornalistas não alcança sequer a aposentadoria
. Ademais, a
partir da implantação de novas tecnologias nas redações, os jornalistas se veem
cada vez mais diante dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho,
as temidas DORT.
Além de a maioria trabalhar
muito mais do que está fixado na legislação, o tempo é mínimo para dedicar à vida
pessoal, e há que se falar das más condições de trabalho e da grande incidência
de assédio moral
. Ambientes de pressão em obter determinadas informações,
o risco de demissão ao ser, eventualmente, furado
pela concorrência e a estafante rotina levam a problemas como síndrome do pânico, angústia e
depressão. Afinal, o
cotidiano das redações é regado a pressa, café, cigarros, vida sedentária, um eterno adiamento da
consulta médica
, consumo de antidepressivos e uma cervejinha depois do deadline.
Não à toa, depois
de um certo tempo, a memória do jornalista começa a falhar. Ao tentar falar, alguns
não conseguem emitir algo além de grunhidos.
Sobrevêm as doenças
ocupacionais.
Enfim, o jornalismo faz mal à saúde. E isso tem
feito jornalistas repensarem sua qualidade de vida. Pelo menos todos deveriam tentar.
Como se não bastasse, os governantes e
políticos de modo geral se acham com poder de vida e morte sobre todos,
inclusive – e principalmente – os jornalistas. Julgam-se uns democratas até que
alguém os desgoste. Aí soltam seus demônios. Não hesitam em ligar para os donos
e pedir cabeças. E cabeças rolam. Às vezes nem é o
governante, é apenas um jabuti que
faz isso. E consegue.
A maioria dos políticos se embriaga com os
holofotes da mídia e não admite ser criticado. Ai de quem se atreve a apontar
os erros de sua gestão, de sua conduta, dos jabutis
que pendura na árvore da administração pública. Imediatamente adota o lema “quem não é a favor, está contra”, o
mesmíssimo da ditadura militar, que usava o slogan “Brasil: ame-o ou deixe-o”, em que
“amar” era sinônimo de aceitação do arbítrio
institucionalizado e “deixe-o”, justificativa para as prisões e o exílio
– forçado ou voluntário – a que centenas de pessoas foram submetidas.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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