A situação está feia em Tucuruí. A Justiça Federal afastou do cargo a secretária de Fazenda do município, a procuradora jurídica e um diretor de tributos, por suspeita de desvio de R$ 38 milhões em verbas municipais e federais. Eles estão, inclusive, proibidos de entrar em qualquer dependência da Prefeitura.
Os três assinaram em 2010, com a Construpar, contrato de pouco mais de R$8 milhões destinado a locação de caminhões e maquinário para execução de serviços como manutenção de estradas, ruas e coleta de entulho. De lá para cá, foram houve quatro termos aditivos, o último com vigência até hoje, 31, no total de R$ 58,2 milhões. O fato é que, até agora, foram pagos R$ 38 milhões e investigação conjunta do Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado revelou que a empresa é de fachada. No endereço – vejam só! – existe uma pequena venda de peixe e açaí. Nem um só caminhão. Sequer há espaço para estacionar um carro.
Os dois sócios-proprietários que assinaram os recibos atestando os serviços são os irmãos Aline Furtado e Anderson Furtado. Ela ainda está concluindo o ensino médio e Anderson mora na casa de uma tia. Ambos são primos de um dos servidores acusados, o diretor de tributos da Secretaria de Fazenda de Tucuruí, Edson Andrey Furtado da Costa, vulgo “Tinho”, que seria o verdadeiro dono da Construpar. A Secretária de Finanças, Jane Sheila Vaz Rodrigues, chegou a confirmar a informação em depoimento, mas o diretor nega. Foi a secretária quem assinou todas as ordens de pagamento em favor da Construpar. A procuradora jurídica do município, Idalene Barroso, subscreveu os contratos e os aditivos que fizeram o valor pago pela prefeitura à empresa alcançar R$ 38 milhões.
Para o MPF e MP/PA, há fortes indícios de que nenhum serviço tenha sido prestado e o contrato seja inteiramente fraudulento. O procurador da República Luiz Eduardo Smaniotto e a promotora de Justiça Francisca Fernandes de Sá chegaram a pedir a prisão preventiva dos cinco envolvidos, mas a juíza Claudia Giusti Belache entendeu que não há risco de fuga e ordenou que todos compareçam uma vez por mês na vara federal de Tucuruí.
Quanto ao envolvimento do prefeito Sancler Ferreira, as investigações foram remetidas ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, por causa do foro privilegiado.
Quanto ao envolvimento do prefeito Sancler Ferreira, as investigações foram remetidas ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Brasília, por causa do foro privilegiado.