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Reserva com maior área de floresta derrubada na Amazônia nos últimos quatros anos, dentro da Terra Indígena Apyterewa chegou a ser construída uma vila pelos invasores, batizada de Renascer, com nada menos que 210 casas, igrejas, lojas de comércio, uma escola e até um posto de gasolina. Ali os invasores são cerca de três mil e os donos do território,1.400 indígenas. Em São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará, há mais gado bovino do que gente. O rebanho assombroso se multiplica há décadas e se espraia em terras públicas e indígenas, causando conflitos sangrentos. E olhem que existe uma base de operação da Funai ali ao lado. 

Vizinha à vila Renascer, há outra área invadida, a vila do Piranha, com dez edificações e plantações. Do outro lado da reserva, um sujeito de nome Josemar Alves da Costa, assassinado em 2022, negociou com uma dezena de pessoas pedaços de terra que não lhe pertenciam. Além desses, outros quatro povoados também surgiram há anos dentro dos 773 mil hectares do povo Parakanã, TI homologada em 2007 e reconhecida como de posse tradicional dos indígenas desde 1992. Há pelo menos 30 anos o território é alvo de grilagem e mineração ilegal. 

A operação para expulsar invasores das terras Apyterewa e da Trincheira Bacajá – ocupada tradicionalmente por pouco mais de mil indígenas das etnias Xikrin e Mebengôkre Kayapó -, ambas no Pará, é coordenada pela Secretaria Geral da Presidência da República e pelo Ministério dos Povos Indígenas e mobilizou agentes da Funai, Força Nacional, Polícia Federal, Incra e Ibama, e resulta de pedido feito pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal (STF), no final de 2021, para suspender decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) que impedia a retirada de invasores da TI Apyterewa.   

Levantamento deste ano do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) aponta que a TI Apyterewa tem 45,6 mil hectares de áreas desmatadas, o que equivalente a 11,59% do território. É a terra indígena com maior índice de desmatamento de toda a Amazônia Legal. Com o avanço da invasão, os Parakanã foram progressivamente confinados em sua própria terra, ocupando apenas 25% dela.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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