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O fenômeno das terras caídas provocou deslizamento do barranco e a queda iminente de uma igreja na comunidade Cristo Rei e de uma residência na Boca dos Currais, área de várzea em Oriximiná (PA). As secretarias municipais de Integração e de Desenvolvimento Urbano já vistoriaram os dois locais e estão providenciando material e mão de obra para recuo dos imóveis até área segura.

Trata-se de processo erosivo característico da região do Baixo Amazonas, complexo mosaico físico, geográfico, biológico, étnico e social e desafio sazonal. As terras caídas, tanto quanto as terras crescidas, a cada ano remodelam a paisagem, formando ilhas enquanto outras são destruídas pela erosão, numa dinâmica de construção e reconstrução permanente. A cada cheia e vazante um novo aspecto é agregado à geografia da várzea e à vida cotidiana das pessoas que vivem nesses lugares. 


Próximas do mar, as várzeas do estuário obedecem ao regime das marés. Do Marajó, foz do rio Amazonas, até o rio Xingu, os efeitos da maré provocam diariamente enchente, vazante, seca e cheia, com duração de seis horas e 12 minutos, intervalo de aproximadamente sete minutos de seca ou baixa-mar, e sete minutos de cheia ou preamar. Quem comanda a inundação é o regime das marés, que enchem e vazam duas vezes por dia, dois fluxos e refluxos. Nos equinócios, elas cobrem as várzeas e ali estacionam não mais do que duas horas em cada maré. Mas as várzeas sazonais têm outra realidade, que parece surreal aos desavisados. Ao invés de metade do dia, metade do ano é de cheia e a outra metade de seca. As várzeas são inundadas, interligando todos os cursos d’água – rios, igarapés, lagos, furos, paranás. Quando a enchente é de grande proporção, até mesmo as restingas altas ficam submersas.

O fenômeno das terras caídas é uma dinâmica natural que ocorre pela combinação de vários fatores nos rios amazônicos e esse processo transforma as feições da paisagem ribeirinha, pode ser notado em todos os rios da região em grande área ou em pequenas áreas, e o modo de vida dos moradores também é impactado pelas perdas de bens materiais.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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