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Bagre, município do arquipélago do Marajó, virou terra sem lei e sem ordem pública, onde os mais comezinhos direitos constitucionais são desrespeitados com a certeza da impunidade. A população está nas ruas fazendo passeata de protesto, revoltada com a delegada de polícia Vanessa Macedo, que vem cometendo uma série de abusos de poder, arbitrariedades e tem postura conivente com agressores de mulheres, além do que quase nunca é encontrada dando expediente na Delegacia quando vítimas procuram amparo. O festival de ilegalidades protagonizado pela delegada, amplamente documentado por vídeos, fotos e testemunhas oculares, inclui utilizar como de sua equipe indivíduos contratados precariamente pela prefeitura e que atuam como policiais, usando uniforme e armamento e inclusive participando de rondas e diligências, ao arrepio da Constituição e da lei.

Ontem (7.07.2023) à noite um deles, Adriandson Silva, codinome Gol, contratado temporário pela prefeitura na função de “vigia”, com lotação na Secretaria Geral de Governo do município, que se diz “carcereiro” (outra ilegalidade, todos os agentes da polícia penitenciária são concursados), agrediu de forma brutal duas mulheres, na frente da delegada e de um policial militar, e nenhum dos dois cumpriu o dever de prendê-lo em flagrante. Ao contrário, ela ainda cochichou ao ouvido do espancador, demonstrando total conivência com o crime. A situação é pavorosa. A delegada Vanessa Macedo, seu marido e o agressor estavam juntos em uma festa na boate “Malukinho”, onde seu marido e “Gol”, conforme várias testemunhas, começaram a beber desde cedo e bateram em duas mulheres, que tentaram fugir do local mas foram seguidas por eles e pela delegada também. Lá fora o “carcereiro” continuou a espancar as duas mulheres e o marido da delegada se conteve ao perceber que estavam sendo filmados e fotografados.

Uma das pessoas que filmou o crime, o professor Robson Corrêa, sofreu tentativa de intimidação e foi para sua residência, acompanhado por amigos. Por volta das 3h da madrugada, sem mandado judicial, policiais invadiram sua casa, os demais amigos correram e só um ficou com ele. Ambos foram espancados pelos policiais, que também deram dois tiros no refletor dentro da casa, algemaram o professor e levaram-no preso para a delegacia, sob a alegação – vejam só! – de desacato a autoridade e interferência em investigação policial. Todos os vizinhos ouviram os tiros e gritos.

Após ter todos os seus direitos violados, inclusive ficar incomunicável durante quase dez horas, sem poder falar sequer com seu advogado e família, que temiam por sua vida, o professor está fortemente abalado e com medo de represálias. “Se eu tivesse corrido de dentro da minha casa eles tinham me matado”, declarou. Seu aparelho de telefone celular, utilizado para gravar as imagens, foi apreendido pela delegada Vanessa Macedo, que o submeteu a torturante interrogatório, enquanto os espancadores de mulheres estão livres, leves e soltos.

A violência contra mulheres em Bagre tem sido recorrente e sempre garantida pela impunidade. As denúncias – já feitas ao Ministério Público do Estado do Pará – MPPA – são gravíssimas: o marido da delegada Vanessa Macedo, Franklin Vieira de Sousa, apreende cartões de bolsa-família de pessoas muito humildes que têm medo dele e manda seus empregados ao Banpará receberem os valores, usa arma de fogo dela, ameaça e agride empresários, recebe pagamentos da prefeitura com recursos do Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. Há vídeo dele agredindo uma mulher. Nenhuma providência administrativa da Corregedoria da Polícia Civil do Pará foi tomada até hoje, embora a população clame pela transferência da delegada para bem longe e sobrem razões para abertura de dezenas de PADs – Procedimentos Administrativos Disciplinares.

Recentemente, no dia 2 de julho, o vereador Neto Vulcão espancou em plena via pública de Bagre uma mulher, sem que nada lhe acontecesse. Ele era suplente e assumiu a vaga do vereador Nildo Oliveira, cassado e preso por estuprar uma menina de 13 anos. E só foi preso e cassado porque a família da vítima pediu socorro ao Ministério Público do Estado, fez o BO na delegacia de Breves e o clamor da população por justiça ecoou nas redes sociais.

A delegada é cunhada do prefeito de Bagre, Cledson Farias Lobato Rodrigues, o Clebinho, que já responde a ação civil pública ajuizada pelo MPPA por improbidade administrativa, cumulada com ressarcimento de valores ao erário. No início deste ano, em fevereiro, a mãe de uma bebê de dois anos registrou BO e pediu providências quanto a possível estupro sofrido pela pequena, conforme exame do médico local. Mas a bebê só foi submetida à perícia dois meses depois, quando não havia mais sinais em seu corpinho. A pobre mãe, desesperada, assim como pessoas da família, procurava a delegada Vanessa Macedo, mas ela dizia não ter tido acesso ao laudo até em julho, sendo que o Instituto de Perícias Renato Chaves afirma ter liberado o laudo ainda em abril, pelo sistema de segurança pública, já que não se usa mais papel para esses documentos.

Que o governador Helder Barbalho, o secretário de Estado de Segurança Pública, Ulamae Machado, o delegado-geral de Polícia Civil, Walter Resende, o comandante geral da PMPA – Polícia Militar do Pará, coronel Dilson Jr., e as Corregedorias das Polícias Civil e Militar tomem conhecimento dos fatos e determinem providências urgentes para salvaguardar a lei e o estado de direito em Bagre!

Confiram as fotos e vídeos. O agressor que usa camisa marrom e bermuda branca é o vereador e o de camisa de time é o “carcereiro”. A delegada Vanessa usa vestido verde.

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