Instituída unidade de conservação em 1989, numa imensidão que abrange os municípios de Oriximimá, Terra Santa e Faro, no estado do Pará, a Floresta Nacional de Saracá-Taquera está parcialmente sobreposta a territórios de comunidades quilombolas e ribeirinhas que já estavam lá bem antes disso. Mas essas populações tradicionais são relegadas a área diminuta (2,49%) e seus direitos desconsiderados no Plano de Manejo que rege o uso da Flona, enquanto a maior parte (69%) é concedida à mineração de bauxita – cuja planta industrial inclui 24 barragens, o maior complexo de mineração da Amazônia -, e à exploração de três grandes madeireiras.
Fruto de estudo da pesquisadora paraense Ítala Nepomuceno, mestra em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Oeste do Pará e doutoranda em Antropologia Social na Universidade Federal do Amazonas, o livro “Floresta Nacional de Saracá-Taquera: a quem se destina? Conflitos entre uso tradicional e exploração empresarial”, que acaba de ser publicado na Série Estudos da Comissão Pró-Índio de São Paulo, aponta as desigualdades locais. E questiona a quem deve ser destinado o usufruto da terra, das águas e dos recursos da biodiversidade.
Em 58 páginas, a obra critica o atual Plano de Manejo da Flona, evidenciando como o documento expressa uma visão negativa e preconceituosa das comunidades quilombolas e ribeirinhas, sem a devida valoração de seus conhecimentos e práticas tradicionais de uso da floresta. E propõe a ampliação do debate em torno da revisão desse Plano pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“Floresta Nacional de Saracá-Taquera: a quem se destina? Conflitos entre uso tradicional e exploração empresarial está disponível para download gratuito. É só clicar no link do nome.
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