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Organizadores, jurados e premiados

 Grupo de Violino do Movimento de Emaús

 Eu com as jornalistas Enize Vidigal e Avelina Castro e Ana Celina Hamoy

Eu e o padre Bruno Sechi

Eu e o deputado federal Arnaldo Jordy

Segundo dados do Disque 100, só no
primeiro semestre deste ano foram registrados 4.580 casos de violência sexual
contra crianças e adolescentes no Brasil. A estatística choca, mas o pior é que
a maioria dos casos sequer é notificada, o que remete a uma situação medonha e
invisível para grande parte da sociedade. Ontem, o Movimento de Emaús, por meio
do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), lançou nova campanha
contra a exploração sexual infantojuvenil, durante a cerimônia de entrega do Prêmio
de Reportagens sobre Trabalho Sexual e Exploração Sexual, no Hotel Regente.
O tema da campanha é “O rio é nossa
rua, não o caminho para a exploração sexual – Vamos virar essa maré. Disque
100. Denuncie!
”. A coordenadora do Cedeca, Celina Hamoy, acentuou
que o objetivo é atrair a atenção da sociedade ao tema, mostrando a
relação rua-rio, utilizada como rota de fuga para os traficantes de meninos
e meninas, fato que acontece diuturnamente na região, sem
que políticas públicas e ações de segurança sejam suficientes para enfrentar
essa modalidade criminosa.
O medo, a culpa e por vezes o acolhimento
familiar dessa prática coíbem as denúncias e dificultam que um cerco social se
forme para proteger as vítimas reais e potenciais. Não raras vezes, a culpa
pelo crime é transferida para as vítimas. “Observamos que a promulgação de leis
e a ampliação do direito penal não têm surtido o efeito desejado. Acreditamos
que para que a prática seja coibida é preciso ativar elementos inibidores nas
próprias vítimas, disponibilizando a elas instrumentos de denúncia que impeçam
a violação em sua origem ou faça cessar sua prática na casa, no clube, na
escola, enfim, onde quer que ela se manifeste”, enfatizou Celina. 
O Cedeca-Emaús foi criado pelo Movimento
República de Emaús em 1983, e atua no acompanhamento jurídico-social de
meninos, meninas e suas famílias, vítimas de violência e expostos a ela. Ações
judiciais, campanhas, formação de conselheiros, fortalecimento de grupos para a
defesa de direitos são os desafios cotidianos, tendo como foco principal a
criação de condições para o exercício de plenos direitos por crianças e adolescentes. O padre Bruno Sechi, fundador do Movimento, cujo trabalho
hercúleo é digno de admiração, aplausos e toda ajuda, também resgata a
cidadania de adolescentes da periferia de Belém do Pará com o ensino de ofícios e artes. Os resultados são animadores. O grupo
de violinistas do Emaús, por exemplo, já vai se transformar em orquestra em
2016. Seus integrantes foram aprovados tanto no Conservatório Carlos Gomes
quanto na Escola de Música da UFPA e uma jovem musicista já foi até fazer um
curso em Lisboa, Portugal, recentemente. Prova de que é possível, sim,
construir um futuro digno para as crianças e adolescentes em situação de risco.
Os empresários Carlos Freire, dono do hotel
Regente e diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, e Clóvis
Carneiro, dono do hotel Princesa Louçã (ex-Hilton Belém), presidente da
Abih-Pará, que desde 2007 são engajados na luta contra a exploração de crianças
e adolescentes, deram exemplo do quanto todos podem – e devem – contribuir para
erradicar essa mazela social. Carlos observou que antes chegavam enormes e
caros banners de campanhas oficiais ao seu hotel, de combate ao turismo sexual,
e nem mesmo seus empregados eram sensibilizados, atribuíam a responsabilidade
aos hóspedes e turistas. Depois que se envolveu com o tema, há oito anos,
percebeu que, nas oficinas que promoveu, os empregados passaram a identificar o
problema, inclusive em suas próprias famílias e vizinhança. A partir dos
relatos compartilhados, muitos casos vieram à tona e puderam obter o auxílio
necessário. Para Clóvis Carneiro, que desde sua juventude, como aluno e membro
da banda marista, já participava da grande coleta anual de Emaús (tocava clarim
no caminhão), tudo começa com a desestruturação das famílias e a questão deve
ser combatida em sua raiz, com a adesão de toda a sociedade.
O deputado federal Arnaldo Jordy(PPS),
relator da CPI da Pedofilia, na Assembleia Legislativa, e presidente da CPI do
Tráfico de Pessoas, na Câmara Federal, em Brasília, reforçou a necessidade de
dar visibilidade a esses crimes, que muitas vezes envolvem políticos e
empresários poderosos, lembrando que o enfrentamento através de denúncias na
mídia já resultou em morte de jornalista, além de processos e perseguições.
O Prêmio de Reportagens sobre Trabalho
Sexual e Exploração Sexual selecionou vencedores em três categorias: mídia
impressa, televisão e mídia alternativa. Em cada categoria foi de R$ 4 mil.
A equipe da TV Liberal (Fabiano Vilela, Alessandra
Barreto, Aline Cristine Rodrigues Negrão, Marialva Brito Ribeiro e Ronaldo
Souza Pinheiro) ganhou com “Abuso e exploração Sexual infantil no Marajó”. Em mídia
impressa a matéria premiada foi “Vidas Roubadas”, de Fabrício Nunes da Silva e
Wagner Nascimento de Almeida. Já  na
categoria web venceu a reportagem “Quando a comunicação vira ferramenta de
prevenção à violência sexual e ao trabalho infantil”, de Moisés Sarraf e Gustavo
Dutra Rodrigues. As menções honrosas foram, na categoria mídia impressa, para
o trabalho “Pará luta contra o tráfico de pessoas”, de Celso Freire e, na categoria
multimídia, para a minha matéria “A face medonha do lindo Marajó”. Os jurados
foram o padre Bruno Sechi (Movimento República de Emaús), Anna Claudia Lins
(Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos- SDDH), Roberta Vilanova
(Sindicato dos Jornalistas do Estado do Pará), Nádia Bentes, promotora de
justiça da Infância e Juventude da Capital, e a pedagoga Rose Lany Fernandes Costa,
do Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará – Gempac). A jornalista
Enize Vidigal representou o Sinjor-PA na cerimônia de premiação.

O Prêmio teve patrocínio da
Icco Cooperacion, através do projeto Stepping Up Stepping Out – SUSO II, com apoio do Sinjor-PA. As fotos são de Jean Brito.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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