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O catamarã Bom Jesus IV, que faz o trecho Belém-Ponta de Pedras, no arquipélago do Marajó, naufragou hoje por volta de 17h, em frente a Vila do Conde. O casco rachou, entrou água na embarcação, que adernou e começou logo a afundar. Felizmente todos os passageiros se salvaram. Colocaram coletes salva-vidas e subiram para o toldo e foram socorridos a tempo por canoas, rabetas e po-po-pôs de ribeirinhos e por uma balsa da empresa Salmista.

Era uma tragédia anunciada. Há muitos anos vem sendo denunciada pelos usuários a situação precária dos catamarãs, navios e lanchas da empresa Bom Jesus, que rotineiramente ficam à deriva em plena baía do Marajó, para desespero de seus passageiros. Desconfortável e inseguro, até chovia dentro do Bom Jesus IV, que era cheio de goteiras. Conforme depoimentos de passageiros, centenas de vezes procuraram o Ministério Público do Estado do Pará, a Arcon – Agência de Regulação e Controle e a Prefeitura de Ponta de Pedras pedindo providências.

Por 170 vezes as empresas Bom Jesus e Marajó Turismo foram autuadas por violarem as normas de segurança de navegação, sem qualquer consequência prática. Sequer a manutenção é feita pelas empresas, que têm verdadeiro monopólio em todo o arquipélago. O dono é o empresário de navegação Luiz Rebelo, ex-prefeito de Breves, ex-deputado estadual e pai do deputado Luth Rebelo.

Cabe à Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, da Marinha do Brasil, fiscalizar a segurança da navegação. A Arcon deveria conferir a documentação, vistoriar as embarcações e encaminhar as denúncias de excesso de passageiros e de desconformidades com as normas do transporte hidroviário à Capitania dos Portos. Mas os usuários se queixam de que nem os números de telefone e e-mail para denúncias são divulgados. Quase todo dia há barcos à deriva e naufrágios, nos quais as pessoas perdem seus pertences e não são indenizadas. Muitos já perderam suas vidas, por vezes famílias inteiras. Os sobreviventes ficam com sequelas psicológicas para sempre. E ninguém faz algo para por um fim a esse drama. As vítimas desconhecem seus mais básicos direitos. Os órgãos ditos responsáveis permanecem inertes. Sequer o número de vítimas é computado, não existem estatísticas no setor. Na maioria das vezes o nome da empresa responsável é omitido. O Ministério Público deveria agir. Assistam aos vídeos.

Crueldade em pesca tem que ser apurada

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