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A construção de embarcações de pequeno porte é um dos saberes culturais mais marcantes da ilha do Mosqueiro, que nesta quinta-feira, 6, completa seu 128º aniversário. Através dos séculos, essa importante arte e atividade econômica continua passando de pai para filho, agregando saberes da ancestralidade indígena e da herança portuguesa e quilombola, que permanecem vivas também em outras atividades culturais como a literatura, a música e o artesanato local.

Mestre Leonito de Aquino Trindade Sousa, 73, o “seu Leo”, se orgulha de Mosqueiro na data especial. “Eu amo Mosqueiro, vivi minha vida toda aqui, criei meus oito filhos e devo tudo que tenho a este lugar lindo e abençoado por Deus”, conta o carpinteiro, que no momento constrói um barco de mais cinco metros de comprimento. Ele defende o ofício para gerações futuras. “Seria bom pra manter viva essa tradição”.

Augusto Meira Filho, em “Mosqueiro, ilhas e vilas”, frisa que desde tempos imemoriais a carpintaria naval se estabeleceu com os índios Tupinambás, “exímios canoeiros” na arte da pesca e cuja alimentação se concentrava no moqueio de peixe, passando pela fase de vigilenga de pescadores até os dias atuais, em que a pesca local se estabelece não apenas como importante atividade econômica mas, sobretudo, como rico legado dos pescadores e ribeirinho dessa comunidade tradicional no estuário amazônico.

A construção e uso de embarcações de madeira na ilha, voltadas para pesca, como meio de transporte e servindo a outras atividades, é legado cultural e patrimonial de muitas gerações de povos que por ali se estabeleceram ou que culturalmente influenciaram às contínuas adaptações sociais, por meio do conhecimento tradicional.

Uma curiosidade é que a atividade não agride o meio ambiente, já que poucas espécies florestais servem de matéria prima na construção de barcos.

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