Por Avertano Rocha, além de advogado habilidoso e bem relacionado com grupos poderosos, foi também jornalista, com um estilo próprio que lhe era característico. Trabalhou no Jornal do Dia, que fechou com a ditadura.
Depois, em meados dos anos 70, arrendou o jornal Estado do Pará, que pertencia à família Lopo de Castro. O Estado fez sucesso com uma pegada jornalística mais audaciosa, movimentando o mercado e mexendo com as redações daqui na época.
Com muito orgulho fiz parte de uma equipe de jornalistas amigos, que marcaram a minha época, como Walmir Botelho, Raimundo Pinto, Aldo Almeida, Afonso Klautau, Anselmo Gama, Álvaro Araújo, Jaime Bevilaqua e Raul Tadeu, Queiroz, Luiz Macklouf, que já se foram; e outros que ainda continuam na batalha, como Carlos Mendes, Ronaldo Brasiliense, João Vital, Vera Castro, Cleodon Gondim, Walter Freitas, Avelino do Vale, Rosaly Brito, Ruth Rendeiro, Rosa Leal, Ana Petrucceli, Pedro Pomar, Beth Mendonça, Antonio Praxedes, Antônio Natsuo e Beth Mendes, entre outros nomes que me vieram na lembrança agora.
Tem muitas passagens interessantes que vivemos naquela redação, cheia de entusiasmo e de muita vontade de fazer um jornalismo diferente. Numa delas, quando o Avertano, que escrevia a principal coluna do jornal no domingo, chegou a “ameaçar” a redação por causa de uma matéria, que ele considerou contrária aos interesses do governo militar da época, isso em 1980.
O jornal era dele. Mas a redação não aceitou o comentário e reagiu. Foi feito um manifesto, um documento duro contestando esse posicionamento do patrão, assinado pela redação em peso. Eu estava na condição de redator chefe e também assinei. A princípio, Avertano reagiu muito aborrecido e queria demitir todos. Mas o bom entendimento e a compreensão prevaleceram. Guardo até hoje esse documento original comigo.
Olhando pra trás, vejo que já se passaram 45 anos dessa época do Estado do Pará, que guardo com muito carinho na minha lembrança.
Que o Avertano Rocha tenha um bom descanso.
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