Publicado em: 29 de maio de 2025
O ato público que tem como lema “Da Amazônia para o Mundo: Somos a Cúpula dos Povos rumo à COP30”, organizado pela Cúpula dos Povos, acontecerá nesta sexta-feira, 30 de maio, às 16h, na Universidade Federal do Pará (UFPA), reunindo mais de 90 organizações para exigir justiça climática com protagonismo dos povos da floresta, quilombolas, juventudes e periferias e denunciar falsas soluções, convocando a sociedade civil e propondo caminhos reais para enfrentar a crise do clima.
Desde 1992, quando foi criada como contraponto à primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente no Rio de Janeiro, a Cúpula dos Povos ecoa como um grito planetário por justiça, resistência e reconhecimento de vozes historicamente silenciadas. Em 2025, esse clamor coletivo tem urgência renovada com a realização da COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá em Belém.
Na contagem regressiva para o evento oficial, movimentos sociais, coletivos, povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais, moradores das periferias urbanas e organizações da sociedade civil já constroem de forma autônoma a Cúpula dos Povos rumo à COP30.
O manifesto, assinado por mais de 400 organizações e redes, alega que o objetivo do encontro é exigir que os verdadeiros protagonistas da luta climática estejam no centro das decisões. Quem protege a natureza precisa ser ouvido e respeitado. Sem justiça social, não haverá justiça climática. Entre as principais bandeiras estão a denúncia do racismo ambiental, que impacta desproporcionalmente povos indígenas, quilombolas, comunidades ribeirinhas e periféricas, e o enfrentamento às falsas soluções climáticas, como os mercados de carbono, que ameaçam modos de vida tradicionais.A Cúpula dos Povos não é apenas um evento, mas um processo coletivo e popular de articulação política. Desde março de 2023, encontros em Brasília e na COP28, em Dubai, serviram para consolidar princípios e uma carta política comum. A iniciativa reúne movimentos de mulheres, juventudes, LGBTQIAPN+, indígenas, quilombolas, pescadores artesanais, agricultores familiares, trabalhadores, estudantes e defensores dos direitos humanos, da cultura, da infância e da comunicação livre.
Os quatro eixos que estruturam a mobilização são: (1) Água, território e soberania dos povos; (2) Justiça climática e combate às desigualdades; (3) Transição justa, popular e inclusiva; e (4) Juventudes, mulheres e diversidade no centro das decisões. Cada um deles traduz demandas concretas de populações que vivem nos territórios e enfrentam diretamente os efeitos do colapso climático.
Entre as pautas mais urgentes da Cúpula estão a eliminação da produção e queima de combustíveis fósseis, responsáveis por mais de dois terços das emissões globais de gases de efeito estufa, o fim do desmatamento, a defesa dos defensores ambientais e a implementação do Acordo de Escazú. Também são consideradas centrais a demarcação de terras indígenas e quilombolas, a proteção da biodiversidade, o reconhecimento da natureza como sujeito de direitos e o fortalecimento da agroecologia e da economia solidária.
O manifesto alerta: “A insuficiência de medidas para conter tais crises é alarmante. Países e tomadores de decisão têm se omitido ou apresentado soluções ineficazes, colocando em risco a meta de 1,5ºC do Acordo de Paris”. Investimentos que alimentam as mudanças climáticas têm crescido, enquanto políticas de proteção a povos indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais vêm sendo desmontadas. Muitas de suas lideranças têm sido ameaçadas ou assassinadas.
A Cúpula dos Povos afirma que a COP30, por acontecer na Amazônia, precisa ser um ponto de virada. “Soluções reais são urgentes e a sociedade civil de todo o mundo deve ser protagonista em todos os espaços de debate desta agenda”, reforça o documento. Nesse sentido, convocam redes, movimentos e organizações de todos os territórios a se somarem ao processo, construindo uma plataforma de resistência, propostas concretas e incidência política.
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