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A atleta olímpica ugandense Rebecca Cheptegei, de 33 anos, faleceu na noite de ontem, dia 4 de setembro, vítima de feminicídio, de acordo com autoridades do noroeste do Quênia. A maratonista, que competiu nas Olimpíadas de Paris, foi brutalmente atacada no último domingo, dia 1º de setembro, pelo ex-namorado Dickson Ndiema, que a incendiou durante uma discussão. Cheptegei estava em uma unidade de terapia intensiva com queimaduras em mais de 80% de seu corpo. O crime ocorreu no Quênia, logo após seu retorno das Olimpíadas de Paris de 2024, onde representou Uganda na maratona. A atleta deixa duas filhas, de 9 e 11 anos, que estavam na igreja, com a avó, durante o ataque.

Segundo relato da polícia local, Ndiema despejou gasolina sobre Cheptegei e a incendiou durante uma discussão sobre a propriedade de um terreno onde a atleta havia construído sua casa, próximo à fronteira com Uganda. A polícia também confirmou a descoberta de um galão de cinco litros, uma bolsa e um telefone queimado no local após o incidente. O chefe da polícia local relatou que testemunhas ouviram uma discussão entre o casal antes do crime. Ambos foram socorridos pelos vizinhos e levados ao hospital com graves queimaduras. Cheptegei não resistiu aos ferimentos. O diretor do hospital confirmou que ela morreu após a falência de todos os órgãos.

Cheptegei, que vivia e treinava no Quênia, é a terceira atleta a ser assassinada desde outubro de 2021, seguindo as mortes de Agnes Tirop e Damaris Mutua, ambas também vítimas de violência por parte de seus parceiros. Originária de uma região próxima à fronteira com o Quênia, Cheptegei ganhou ouro no Campeonato Mundial de Corrida de Montanha e Trilhas na Tailândia em 2022 e competiu na maratona dos Jogos Olímpicos de Paris, onde terminou na 44ª posição. Ela havia comprado um terreno no condado de Trans Nzoia, Quênia, e construído uma casa para estar perto dos renomados centros de treinamento de atletismo do país. Tirop, que também era uma promissora maratonista queniana, foi assassinada pelo marido, que atualmente enfrenta acusações de homicídio, enquanto as autoridades ainda buscam o namorado de Mutua, bronze nos mil metros nas Olimpíadas da Juventude de Singapura, também considerado principal suspeito de sua morte.

A Federação de Atletismo de Uganda lamentou profundamente a perda da atleta em uma postagem nas redes sociais: “Estamos profundamente tristes em anunciar o falecimento de nossa atleta, Rebecca Cheptegei, que tragicamente foi vítima de violência doméstica. Condenamos esses atos e pedimos justiça. Que sua alma descanse em paz.” O presidente do Comitê Olímpico de Uganda, Donald Rukare, também lamentou a morte trágica, descrevendo o crime como “covarde e sem sentido”. O pai de Rebecca, Joseph Cheptegei pediu que o governo queniano garantisse justiça: “Nunca vi algo tão desumano”. 

Ndiema está hospitalizado com queimaduras menos graves, permanece sob cuidados intensivos, mas seu estado é considerado estável. A polícia aguarda sua recuperação para interroga-lo formalmente.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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