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exploração ilegal do ouro na Terra Indígena Kayapó não é de hoje. Em março deste ano, a Polícia Federal flagrou as atividades de garimpo na aldeia Turedjan, e agora culminou suas investigações com a Operação Muiraquitã, cumprindo 11 mandados de prisão preventiva, 14 buscas e apreensões e 3 conduções coercitivas, autorizados pela Justiça Federal de Redenção(PA).  Pelas estimativas da Funai, são extraídos 20 Kg de ouro por semana da reserva, o que pode representar movimentação mensal de R$ 8 milhões. 

O garimpo ilegal  gera todo tipo de violência, além de acabar com a saúde, a paz e a identidade cultural do povo indígena.  As disputas de áreas estabelecem relações de permanente conflito que incluem ameaças de morte entre os indivíduos participantes das atividades criminosas – inclusive indígenas – e profundas crises entre etnias que ocupam reservas limítrofes na região. Os danos ambientais são muitos e gravíssimos: desvio do curso de rios, desmonte hidráulico (no caso de garimpagem mecânica), aterramento de rios e contaminação do solo, ar e águas através de metais pesados, principalmente o mercúrio. A paisagem é modificada, a vegetação extinta e os animais fogem ou morrem por causa da contaminação. Detalhe aterrador: esses acontecimentos não estão limitados a uma única Terra Indígena nem a uma região. É a tal coisa: todo mundo sabe mas ninguém vê ou faz algo eficaz. Uma verdadeira tragédia que vem se consumando sob um manto silencioso. Até quando?
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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