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Em Curralinho, município do arquipélago do Marajó que reveza com
Melgaço o primeiro lugar no triste ranking de menor IDH do Pará, do Brasil e um dos menores do mundo, a empresa MVB Cursos ofereceu curso de “treinamento para operação de máquinas pesadas” em apenas três dias, afirmando ter disponíveis trator agrícola, pá carregadeira e retroescavadeira. Mas o único equipamento que apareceu foi um trator da Prefeitura e na aula prática de hoje, em plena via pública na zona urbana, um aluno perdeu a direção da máquina e derrubou parte de uma residência e estância.

Em áudio, a instrutora da “autoescola” avisou que para a aula prática os alunos deveriam se dirigir à Secretaria Municipal de Obras, inclusive enviando vídeo, localização via GPS e fotos do local, com o que resta provada a ligação com a Prefeitura de Curralinho, além do que no município inteiro só existem dois tratores, ambos da prefeitura e na dita Secretaria.

O cronograma de aulas, amplamente divulgado, avisava que quinta-feira seria presencial e sexta e sábado on line (!), com aula teórica das 19h as 21h, e neste domingo aula prática com horário agendado por cada aluno.

A MVB cobrou taxa referente ao certificado e carteirinha de Operador de Máquinas Pesadas, no valor de R$ 119,90.

Detalhe relevante: o curso, para homem ou mulher, exigia idade mínima de 17 anos, e afirmava não ser necessária a CNH, Carteira Nacional de Habilitação, comprovar escolaridade e nem mesmo reciclagem. Só podia resultar em acidente. Felizmente ninguém foi morto ou ferido, mas o risco existiu.

Além de todas as desgraças que afligem a população, já tão sofrida com o alto índice de analfabetismo, desemprego e hospital municipal desequipado, ainda fica à mercê de engodos que prometem emprego imediato de R$5 mil, como se observa no vídeo.

O Tribunal de Contas dos Municípios, o Ministério Público do Estado e o Ministério Público Federal precisam apurar a cessão de máquinas pela prefeitura a particulares que ferem as leis de trânsito e do consumidor (federais) e põem em risco vidas humanas.

É de se imaginar que essa empresa não atuou só em Curralinho, e está ganhando dinheiro e recebendo parceria do poder público para “certificar” pessoas desabilitadas e sem a menor condição de dirigir máquinas pesadas, inclusive de menor idade.

Ouçam o áudio e assistam ao vídeo.

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