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Inadmissível no Estado democrático de Direito, a barbárie continua.  Entre 1964 e 2010 foram registrados 914 assassinatos por questões de terra no Pará, 654 deles no sul e sudeste do Estado. Os dados são da Comissão Pastoral da Terra da CNBB Norte II que, recentemente, divulgou uma lista com 38 nomes de ativistas marcados para morrer por causa da luta pela posse de terras, que mancha de sangue o território e a sociedade paraense há décadas. 

O deputado Arnaldo Jordy (PPS/PA) apresentou requerimento de informação dirigido à ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a fim de saber quais ações estão sendo tomadas pelo governo para proteger os ameaçados. No documento, Jordy enfatiza, além do fato medonho em si, a quantidade de mulheres na lista, cerca de dez. 

“Queremos saber do governo federal o que está sendo feito para proteção destas pessoas e ao mesmo tempo quais medidas estão sendo tomadas para o combate à pistolagem na região. Os atores deste triste enredo são bem conhecidos: de um lado, ruralistas, grileiros, posseiros e pistoleiros. Do outro, ambientalistas, advogados, parlamentares, lideranças sindicais, rurais, indígenas e religiosos. Num palco onde a lei do mais forte, do capital e dos interesses escusos ainda prevalece”, diz o deputado. 

Em um dossiê que detalha a violência no sul e sudeste do Pará, a CPT avaliou a violência que vitimou centenas de pessoas que lutam pela terra e pela reforma agrária, que remonta  ao início da década de 1970, quando o governo militar incentivava a ocupação da Amazônia e a imensa concentração de riquezas minerais e naturais tornou o processo ainda mais contundente. 

Segundo o Relatório de Investigação 2005 da Federação Internacional de Direitos Humanos, o Pará detém 40% da superfície total desmatada no Brasil, e as taxas mais altas do País, tanto de escravidão quanto de ameaças aos defensores dos direitos humanos.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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