
Foto Raimundo Dias
O jornalista Walmir Botelho D’Oliveira, ex-diretor de redação do jornal O Liberal, se foi, ontem. Falar de sua perda remete ao seu jeito monossilábico de ser. Muitas vezes me agoniei ao telefone com seu “hum”, que não passava disso nem dava indicação alguma se era de assentimento ou discórdia. Pessoalmente, também era de poucas palavras. Nos conhecemos há um bocado de tempo, mais de 20 anos, e nosso relacionamento era profissional, eu como assessora de comunicação tentando emplacar matérias ou notas, sugerindo pautas. Sempre me recebeu muito bem, em todas as vezes em que o visitei na redação. Até me dava cafezinho e conversava sobre assuntos variados. Walmir era temido pelos focas na redação, por seu rigor. Mas sem dúvida sempre foi respeitado e admirado por todos, por sua capacidade profissional. Liderando uma equipe numerosa em uma época em que não havia a ligeireza da internet, com as suas facilidades para transmissão de informação, a luta diária com quilômetros de matérias via fax, as horas ao telefone em busca de notícias quentes, a sondagem às fontes, as madrugadas no fechamento das edições, Walmir Botelho marcou um tempo no jornalismo. Oriundo do Correio Braziliense e da Folha do Norte, ele fez de O Liberal seu último front. Todos os colegas que trabalharam com ele são unânimes no testemunho à sua seriedade, competência, responsabilidade, ao seu amor ao jornalismo. Dou também meu testemunho, com o sentimento de perda de uma pessoa de grande valor. Adeus, Walmir! Vai em paz, que Deus te receba na eternidade e conforte tua família.
Meu pai sempre foi assim mesmo. Mesmo em casa, ou nas poucas vezes em que conversamos. Até minha avó reclamou disso, certa vez, quando lhe telefonou para falar qualquer coisa, de Maracanã. Era um misto de amor e rispidez. Quando o seu irmão faleceu, foi como se uma das pernas quebrasse, a ausência foi fortemente sentida.
Antes de partir, andava muito triste. Nos últimos dias, mudou-se para o lado de casa, como se pressentisse a despedida. Hoje eu acredito que ele estava vivendo um tempo de solidão. Se eu tivesse uma máquina do tempo, as coisas seriam diferentes. E tenho certeza de que ele ainda não teria nos deixado.
Muito obrigada por seu sensível depoimento. O Walmir era pessoa muito querida e respeitada por todos os que o conheceram. Guarde as melhores lembranças de seu pai. Grande abraço.