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Meu tio Ari Pereira de Souza, irmão mais velho da minha mãe, se
foi, hoje, aos 80 anos, vítima de infarto. Apaixonado pela arte de construir
barcos e autodidata, no seu pequeno estaleiro artesanal, em Oriximiná, desde a
adolescência ele pensava, desenhava e construía embarcações ágeis e aptas aos rios da região, com o conhecimento da carpintaria ao
longo dos tempos e a experiência adquirida com a observação e a prática.
Tio Ari aprendeu a engenhosidade ribeirinha e foi um grande e verdadeiro
engenheiro naval. Fazia os cálculos na ponta do lápis e uma vez, em um congresso
internacional para o qual fora convidado, mostrou como fazia e tudo foi
reproduzido no computador pelos doutores especialistas, revelando
impressionante exatidão.
Meu tio Ari, homem simples e doce, deu importante contribuição para uma história que não se encontra documentada. Ainda
hoje o construtor naval artesanal leva consigo essa tradição amazônida, legado
da história, da cultura e da identidade do nosso povo, patrimônio imaterial que
merece e precisa ser difundido.
Vai com Deus, tio Ari, construir barcos e navegar na
eternidade.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, presidente da Academia Paraense de Jornalismo, membro da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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