Publicado em: 24 de março de 2025
A população marajoara está alarmada com os áudios de populares que circulam sobre a contaminação do rebanho bubalino de Cachoeira do Arari com raiva. Em 2018, na localidade de Rio Laguna, em Melgaço, catorze casos de raiva humana resultaram em pelo menos oito mortes. Em Portel, casos de raiva humana ocorreram em 2004, atingindo 15 pessoas. Todos foram infectados por transmissão de morcegos hematófagos, que proliferam entre as residências por causa do enorme desmatamento da região pelo arrozal, que expulsa os animais de seu habitat natural.
No sábado, 22, o Portal Uruá-Tapera comunicou à Sespa e à Adepará os temores da população e solicitou notas de esclarecimento com as devidas providências, a fim de tranquilizar a população. Ei-las, com exclusividade:
“A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) informa que foi confirmado um caso de raiva em um búfalo, no município de Cachoeira do Arari. Equipes da Adepará estão visitando propriedades para realizar a vacinação do rebanho, além do controle dos morcegos. A agência de defesa alerta que a raiva é uma zoonose transmitida por morcego hematófago e que os casos suspeitos devem ser comunicados imediatamente à Adepará ou por meio do Sisbravet. A agência ressalta que a doença não impede a venda de animais sadios, desde que vacinados, tampouco proíbe o abate de animais sadios. E assegura que o meio mais eficaz de controle é a vacinação dos animais e o controle das colônias de morcegos hematófagos”.
“A Secretaria de Estado de Saúde Pública, por meio da Coordenação Estadual de Zoonoses, informa que a 7ª Regional de Zoonoses foi acionada e enviou equipe para orientar e apoiar as ações no município de Cachoeira do Arari. A equipe de imunização da regional fez a vacinação de pessoas com possível contato direto com o animal. Também foram realizadas visitas à propriedade, bloqueio vacinal de cães e gatos e o controle de morcegos para reduzir o risco de transmissão.”
Fiscais e agentes estaduais agropecuários da Adepará estão orientando produtores rurais para que vacinem seus animais bovinos, bubalinos, equinos, ovinos e caprinos. “A vacinação do rebanho e o controle das colônias de morcegos hematófagos, são fatores fundamentais para que não haja novos focos da doença na região. Os animais que não foram vacinados contra raiva, precisam receber duas doses da vacina, com intervalo de 30 dias entre as aplicações. Já para animais que foram vacinados, devem tomar apenas uma dose”, afirma o médico veterinário e gerente do Programa de controle da raiva dos herbívoros, Gláucio Galindo.
Trata-se de zoonose, doença que afeta animais e humanos, causada por vírus que ataca o sistema nervoso central dos mamíferos (animais domésticos, selvagens e o homem). A transmissão ocorre pela saliva, por meio de mordedura ou lambedura em pele lesionada e mucosas.
O principal transmissor é o morcego hematófago Desmodus rotundus. Para evitar o contágio, é necessário vacinar os animais, anualmente, contra a raiva dos herbívoros, pois não há tratamento nem cura para a doença.
A Adepará garante que a doença não é transmitida pelo consumo de carne e orienta que, na ocorrência de animais com sinais clínicos compatíveis com a raiva em herbívoros não manipule esses animais, notifique-se a suspeita junto a um dos seus escritórios ou por meio do Sisbravet.
Todos os pacientes apresentam quadro semelhante, com sinais e sintomas como febre, dispneia, cefaleia, dor abdominal e sinais neurológicos – paralisia flácida ascendente, convulsão, disfagia (dificuldade de deglutir), desorientação, hidrofobia e hiperacusia (sensibilidade a sons, principalmente agudos).

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