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Na manhã desta quinta-feira, 16 de janeiro, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o Hamas de tentar alterar pontos críticos do acordo de cessar-fogo mediado pelo Catar, resultando em um impasse que atrasou a votação do governo israelense sobre a implementação da trégua. O conflito, que já se estende por mais de 15 meses, agora ganha mais um capítulo de tensão política.

O plano de cessar-fogo, anunciado na quarta-feira, 15 de janeiro, e mediado por Doha, previa a libertação gradual de 33 reféns israelenses, incluindo mulheres, menores de idade e doentes, em troca de centenas de prisioneiros palestinos. Entretanto, de acordo com o gabinete de Netanyahu, o Hamas estaria tentando renegociar termos previamente acordados, particularmente em relação à escolha dos prisioneiros palestinos a serem libertados.

“Contrariamente a uma cláusula explícita que concede a Israel o direito de vetar a libertação de assassinos em massa, o Hamas quer ditar a identidade desses terroristas”, declarou o gabinete em comunicado. A situação foi descrita como uma “tentativa de chantagem” pelo governo israelense.

Representantes do Hamas negaram as acusações, afirmando estar comprometidos com os termos anunciados pelos mediadores. Basem Naim, membro do gabinete político do grupo, disse à Agência EFE que desconhecia as novas demandas mencionadas por Israel.

Além das divergências com o Hamas, o cessar-fogo enfrenta resistência dentro do próprio governo israelense. Ministros como Bezalel Smotrich, do partido Sionismo Religioso, e Itamar Ben Gvir, da Segurança Nacional, criticaram o acordo, considerando-o uma “rendição” ao Hamas. Ambos ameaçaram abandonar o governo caso a trégua seja aprovada, embora Netanyahu ainda conte com apoio majoritário para levar o plano adiante.

Fontes próximas ao governo indicam que as deliberações internas têm adiado a convocação de uma reunião ministerial. A emissora pública Kan relatou que Netanyahu está em contato direto com os mediadores do Catar para tentar resolver as divergências.

O cessar-fogo, caso aprovado, deverá entrar em vigor no domingo, encerrando um dos períodos mais prolongados e violentos do conflito entre Israel e o Hamas. A guerra, iniciada em outubro de 2024, já resultou em milhares de feridos, mortos e deslocados.

Joe Biden, que encerra seu mandato como presidente dos Estados Unidos, declarou em suas redes sociais, na quarta-feira, que “hoje, após muitos meses de intensiva diplomacia conduzida pelos Estados Unidos, juntamente com o Egito e o Catar, Israel e o Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo e troca de reféns. Minha diplomacia nunca cessou seus esforços para alcançar esse resultado – falarei mais sobre isso em breve”.

Tamim bin Hamad al-Thani, emir do Qatar, também se expressou nas redes sociais: “Esperamos que o anúncio de um acordo de cessar-fogo em Gaza contribua para acabar com a agressão, a destruição e a matança na Faixa de Gaza e nos territórios palestinos ocupados”.

“Com este acordo, sublinho a importância de acelerar a entrada de ajuda humanitária urgente para o povo de Gaza, para enfrentar a atual situação humanitária catastrófica, sem quaisquer obstáculos, até que a paz sustentável seja alcançada através da solução de dois Estados”, declarou, também nas suas redes sociais, o presidente do Egito, Abdelfattah El-Sisi.

Enquanto Israel tenta justificar suas negociações políticas internas como uma resposta ao terrorismo, a comunidade internacional precisa continuar pressionando por soluções diplomáticas e por um maior compromisso com os direitos humanos.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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