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Durante os meses de julho e agosto foram publicadas diversas listas sobre a escolha dos melhores filmes nacionais e internacionais produzidos no século XXI, com a sinalização de jornalistas, cinéfilos, críticos de cinema e especialistas em publicações no Brasil e outros países.

Em que pese a preferência pessoal dos eleitores e a tentativa de mapear a produção cinematográfica contemporânea, o que se observa é uma pequena abertura à produção internacional, com hegemonia do cinema americano (The New York Times) e a omissão de títulos que se destacaram pela ambição estética e temática para filmes que podem ser facilmente esquecidos pela revisão do tempo e a falta de perenidade das obras (sites, blogs, associações e outros espaços digitais).

No caso específico do cinema brasileiro, o gênero documental abriu espaços para realizadores com pontos de vista distintos, o que resulta numa variedade de perspectivas visuais para atender a máxima de que “quando a realidade não dá conta, é preciso fazer documentário”. A urgência documental sugere que, diante de situações contraditórias e de falsas verdades, o documentário pode e deve ser o veículo audiovisual para maior compreensão ao que está posto ou supostamente atribuído como realidade. 

A multiplicidade de escolhas estéticas para o fazer documentário no Brasil exibiu filmes impactantes (“Estamira”, “Garapa”, “Apocalipse nos Trópicos”), produções experimentais (“Cinema Novo”, “Jogo de Cena”), abordagens confessionais (“Santiago”) e o amor à Musica Popular Brasileira (“Olho Nu”, “Elis & Tom – Só tinha que ser com você”).

O longa-metragem de animação foi além das produções destinadas ao público infanto-juvenil para explorar novas formas, novos temas em trabalhos como “Uma História de Amor e Fúria”, o premiadíssimo “O Menino e o Mundo” e tantas outras produções regionais realizadas de forma heroica na tentativa de reconhecimento nacional e internacional.

Já o cinema de ficção realizado no Brasil, um dos mais criativos do mundo, trouxe um sopro de renovação estética e temática nesses primeiros 25 anos do século XXI, com abordagens intimistas (o melancólico “Feliz Natal”), adaptações literárias radicais (“Lavoura Arcaica”), a efervescente cena pernambucana (“Bacurau”, “Febre do Rato”), o horror da realidade brasileira como inspiração para filmes de terror (“As Boas Maneiras”, “O Animal Cordial”) e outros caminhos apontados pela bússola da imagem para o cinema nacional do futuro.

É claro que essa listagem não se encerra nesse espaço, porém o que vale é sempre a tentativa de organizar e não perder de vista a qualidade da sétima arte produzida no Brasil, com a vantagem de que boa parte dos títulos citados estão disponíveis nas plataformas de streaming. 

Vida longa ao Cinema Brasileiro!

Melhores Filmes Brasileiros do Século XXI:

Cronicamente Inviável (2000), de Sergio Bianchi.

Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho.

O Invasor (2001), de Beto Brandt.

Madame Satã (2002), de  Karim Aïnouz.

Cidade de Deus (2002),de Fernando Meirelles e  Kátia Lund.

Ônibus 174 (2002), de José Padilha e Fellipe Lacerda.

Estamira (2004), de Marcos Prado.

O Signo do Caos (2005), de Rogério Sganzerla.

Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho

Santiago (2007), de João Moreira Salles.

Feliz Natal (2008), de Selton Mello.

Estômago (2008), de Marcos Jorge.

Garapa, de José Padilha (2009).

Os Famosos Duendes Da Morte (2010), de Esmir Filho.

Febre do Rato (2012), de Claudio Assis.

O Som ao Redor (2013), de Kleber Mendonça Filho.

Uma História de Amor e Fúria (2013), de Luiz Bolognesi.

O Menino e o Mundo (2014), de Alê Abreu.

 As Aventuras do Avião Vermelho (2014), de Frederico Pinto e José Maia.

Olho Nu (2014) de Joel Pizzini.

O Mercado de Notícias (2014), de Jorge Furtado.

Cinema Novo (2016), de Eryk Rocha.

O Animal Cordial (2017), de Gabriela Amaral Almeida.

As Boas Maneiras (2018), de Juliana Rojas e Marco Dutra.

Aos Teus Olhos (2018) de Carolina Jabor.

Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.

Divino Amor (2019), de Gabriel Mascaro.

Deserto Particular (2021), de Aly Muritiba.

Marte 1 (2022), de Gabriel Martins.

Noites Alienígenas (2023), de Sergio de Carvalho.

Elis & Tom – Só tinha que ser com você (2023), de Roberto Oliveira e Jom Tob Azulay.

Apocalipse nos Trópicos (2025), de Petra Costa.

José Augusto Pachêco
José Augusto Pachêco é jornalista, crítico de cinema com especialização em Imagem & Sociedade – Estudos sobre Cinema e mestre em Estudos Literários – Cinema e Literatura. Júri do Toró - 1º Festival Audiovisual Universitário de Belém, curadoria do Amazônia Doc e ministrante de palestras e cursos no Sesc Boulevard e Casa das Artes.

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