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Gillian Anderson é uma atriz conhecida mundialmente, principalmente como Dana Scully, sua personagem na série Arquivo-X, e mais recentemente como a terapeuta sexual Jean Milburn em Sex Education, produção da Netflix. Ao longo de sua carreira, conquistou diversos reconhecimentos, incluindo dois Primetime Emmy Awards, dois Golden Globe Awards, três Screen Actors Guild Awards e um Evening Standard Theatre Award. Além de sua atuação, ela também é uma ativista de destaque global, engajando-se em campanhas de arrecadação de fundos para diversas causas que apoia. Em 2023, Gillian lançou a marca de bebidas G-Spot, que tem como objetivo inspirar mulheres a abraçarem seu poder singular. Em 2016, foi nomeada membro honorário da Ordem do Império Britânico, em reconhecimento aos seus serviços prestados ao teatro. 

O que nem todo mundo sabe é que Gillian Anderson também é escritora, e o como resultado de um projeto em que convidou mulheres de todo o mundo a revelarem suas fantasias sexuais mais íntimas e guardadas, lançou no começo de setembro o seu mais novo livro, “Desejo: Um Convite à Liberdade Sexual das Mulheres” (lançado em português pela editora Albatroz), que reúne confissões anônimas e autênticas de 174 mulheres. O livro desafia os tabus sociais que cercam o sexo, especialmente no que diz respeito às mulheres, abrindo espaço para discussões sobre a liberdade sexual feminina.

Tudo começou com uma pergunta simples: “O que desejas quando ninguém está a ver?”. Anderson fez o convite por meio de uma carta intitulada “Querida Gillian”, incentivando mulheres a escreverem sobre suas fantasias e pensamentos mais profundos e íntimos em relação ao sexo. A resposta foi esmagadora: milhares de mulheres de todas as partes do mundo compartilharam suas histórias e fantasias (inclusive a autora), enviadas anonimamente através de um portal criado especialmente para o projeto – e que já está for a do ar. As respostas vieram de mulheres de todas as idades, orientações sexuais, níveis socioeconômicos e culturas, desde mulheres que nunca tiveram relações sexuais até aquelas que têm uma vida sexual ativa, passando por fantasias de múltiplos parceiros e desejos mais delicados e íntimos. 

O livro “Desejo”, porém, não se restringe apenas a contar fantasias sexuais. Anderson e as mulheres que participaram do projeto aprofundam-se em temas como feminilidade, maternidade, infidelidade, amor, dor, prazer e consentimento, explorarando facetas complexas do desejo feminino e proporcionando um espaço seguro para que as mulheres possam se expressar sem julgamento, rompendo as barreiras do estigma social que ainda envolve o sexo.

Em suas próprias palavras, Anderson reforça que o projeto não é apenas sobre a confissão de fantasias, mas uma reflexão sobre o poder sexual feminino. Segundo ela, a verdadeira liberdade sexual não está apenas na capacidade de experimentar, mas em ser capaz de expressar o que realmente se quer, livre de pressões sociais ou expectativas externas. “O mais poderoso em todas as fantasias sexuais intencionais é o fato de cada pessoa ser a autora das suas próprias histórias”, diz Anderson, ressaltando que as mulheres devem ter o poder de controlar e definir suas próprias experiências sexuais. Uma das principais reflexões do livro é que as mulheres são constantemente moldadas por papéis sociais restritivos – mãe, profissional, esposa – que muitas vezes ignoram ou sufocam sua sexualidade. Em “Desejo”, as fantasias revelam que essas identidades podem coexistir e que o desejo sexual é uma parte integral de quem as mulheres são, independentemente de sua trajetória de vida.

O livro representa uma espécie de carta de libertação, permitindo que vozes antes reprimidas se expressem plenamente através do anonimato oferecido às participantes, que foi crucial para permitir que falassem livremente sobre seus desejos, medos, culpas e prazeres. Com isso, Anderson espera iniciar uma nova conversa sobre a sexualidade feminina, incentivando as mulheres a buscarem e reivindicarem sua liberdade sexual de forma genuína. O livro é, portanto, um convite à reflexão, diversão e, sobretudo, à liberdade.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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