O resultado das eleições de ontem refletiu os efeitos perversos da polarização repetida e da desesperança. A taxa de abstenção, em todo o Brasil, ficou em 20,95%, o que significa que mais de 32,7 milhões de eleitores aptos não quiseram votar, o maior índice desde 1988. O estado de Rondônia foi onde mais cidadãos deixaram de ir às urnas, com taxa de 24,65%, seguido pelo Mato Grosso, com 23,38% de abstenção, e o Rio de Janeiro, com 22,74%. Por outro lado, a unidade federativa em que mais pessoas compareceram aos locais de votação, proporcionalmente, foi Roraima, onde o índice de abstenção ficou em 16,70%
No Pará, a abstenção para a eleição presidencial foi de 21,22%. Ou seja: 1.289.969 nem saíram de casa, além do que 68.473 (1,43%) preferiram anular seus votos e mais 40.902 (0,85%) votaram em branco. Vale dizer, exatos 1.399.344 não exerceram na plenitude o direito à escolha de seu presidente da República. Quase 1,4 milhão de pessoas. Para governador, 1.289.364 se abstiveram de votar (21,23%), 258.639 (5,40%) foram votos nulos e 99.146 (2,08%) em branco.
A reeleição de Helder Barbalho no primeiro turno, com retumbantes 70,41%, traduzidos em 3.117.276 de votos, já era esperada. Não havia adversário do seu porte, Zequinha Marinho nunca conseguiu a adesão total dos bolsonaristas nem dos evangélicos, que anunciava como seus trunfos.
A renovação na Assembleia Legislativa do Pará foi de 46,3%. Do total de 41 vagas, 35 concorriam à reeleição, e seis se candidataram à Câmara Federal. O MDB tem uma bancada forte, elegeu 13 deputados estaduais (Chicão, que já é candidato natural a presidente da Alepa, e não se trata de reeleição pois será outro mandato; Chamonzinho, Iran Lima, Zeca Pirão, Ronie Silva, Paula Titan, Diana Belo, Andreia Xarão, Dr. Wanderlan, Eraldo Pimenta, Martinho Carmona, Ângelo Ferrari e Carlos Vinícius). O PT manteve quatro vagas com dois novos (Dirceu Ten Caten, Maria do Carmo, Elias Santiago e Carlos Bordalo) e o PSDB caiu para três (Cilene Couto, Erick Monteiro – que puxaram os votos para a bancada, e Ana Cunha). Já o PL elegeu três (Rogério Barra, com grande votação; Aveilton Souza e Coronel Neil), o mesmo que o Progressista (Lu Ogawa, Luth Rebelo e Antônio Tonheiro). Pelo PSD se elegeram Nilton Neves e Gustavo Sefer; pelo Republicanos, Fábio Freitas e Josué Paiva; pelo Podemos, Igor Normando e Renato Oliveira; pelo PDT, Adriano Coelho e Braz e pelo PSC Toni Cunha e Wescley Tomaz. O PSOL elegeu Lívia Duarte, o Cidadania Thiago Araújo, o PTB Bob Flay, o PSB Fábio Figueiras, e o União, Victor Dias.
A representação feminina na Alepa foi reduzida de dez para sete: Michele Begot, Paula Gomes, Dra. Heloísa e Professora Nilse, assim como Ozório Juvenil, Jaques Neves, Eliel Faustino, Hilton Aguiar, Júnior Hage, Orlando Lobato, Alex Santiago e Galileu não se reelegeram (os três últimos estão no único mandato).
Quando o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, lançou a candidatura de sua esposa, Celsa Brito, ficou evidente o risco alto, pois o atual deputado José Maria Tapajós – que era vice-prefeito de Santarém e suplente de deputado e assumiu a vaga após a eleição de Renato Ogawa para prefeito de Barcarena – disputaria a mesma fatia do eleitorado. Em consequência, nenhum dos dois se elegeu. Os prefeitos de Tucuruí, Alexandre Siqueira, e de Ananindeua, Dr. Daniel, conseguiram eleger as respectivas esposas deputadas federais: Andreia Siqueira e Alessandra Haber. E o prefeito de Breves, Xarão Leão, elegeu sua esposa, Andreia Xarão, deputada estadual. O ex-prefeito de Benevides, Ronie Silva, também conseguiu cadeira na Alepa. Mesma sorte não tiveram o irmão do prefeito de São Félix do Xingu, João Cleber, o “Torrinho”; Sancler Ferreira, ex-prefeito de Tucuruí e marido da ex-deputada Eliane Lima; Joaquim Neto, ex-prefeito de Dom Eliseu; e Jozy Amaral, esposa do ex-prefeito de Vitória do Xingu. Faltaram votos.
Dos 17 deputados federais eleitos para a próxima Legislatura, o MDB tem nove: Drª. Alessandra Haber, Elcione Barbalho, José Priante, Renilce Nicodemos, Antônio Doido, Keniston Braga, Andreia Siqueira, Olival Marques e Henderson Pinto. O PL fez três: Delegado Eder Mauro; Joaquim Passarinho e Delegado Caveira. O PT elegeu só dois: Dilvanda Faro e Airton Faleiro. O PSD também fez dois: Júnior Ferrari e Raimundo Santos e o União Brasil elegeu Celso Sabino.
Paulo Bengtson, filho do pastor Josué Bengtson, ficou de fora, assim como o ex-presidente da Alepa Márcio Miranda, ambos do PTB, que não terá assento na bancada federal parauara. No PSOL, as candidaturas à mesma esfera de Marinor Brito e Vivi Reis acabaram como no abraço de afogadas e o partido no Pará ficou sem mandato federal.
Vavá Martins, do Republicanos; Cristiano Vale, do PP; Hélio Leite, do União; Cássio Andrade, do PSB; e Eduardo Costa(PSD), não foram reeleitos. Até Ana Júlia, do PT, que já foi governadora do Pará, também não conseguiu a vaga, mesma situação do delegado Eguchi, do PL, que foi um fenômeno na última eleição para prefeito de Belém e teve votos minguados agora, e de Júlia Marinho, esposa do senador Zequinha Marinho. Lena Pinto e Nilson Pinto, marido e mulher, ele o presidente do PSDB-PA e deputado federal, fizeram uma jogada arriscada, disputando o mesmo cargo. Apesar de terem abocanhado cerca de R$6 milhões do Fundo Eleitoral, não conseguiram votos. A derrota de Ursula Vidal também já estava desenhada: quando Lula foi recebido recentemente pelo governador no Theatro da Paz e Helder Barbalho anunciou o nome dela, a vaia foi grande, a ponto de interromper a fala. A plateia que lotava o templo da Cultura paraense era eminentemente de esquerda, eleitorado que Ursula acalentava em seus discursos. A rejeição ficou clara nas urnas, com pífios 29.655 votos, apesar de sua campanha ter sido forte no marketing. Ela entrou para a política pelo PPS, depois se filiou à Rede, de lá pulou ao PSOL, em seguida ao Podemos e ao MDB. Já concorreu à Prefeitura de Belém, ao Senado e à Câmara Federal, e nunca se elegeu.
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