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Hoje o ex-governador Almir Gabriel completa
80 anos. Sua família mandou publicar anúncio de meia página nos grandes jornais
de Belém, com uma foto sua de há 10 anos, sorridente, tendo ao fundo a ponte
estaiada sobre o rio Guamá, da Alça Viária. 

Naquela época, no auge do poder,
Almir desfilou em carro aberto, acenando para o povo, no único Cadilac conversível
– modelo 1950 – do Brasil, que era usado pelo governador Magalhães Barata, e
festejou em grande estilo seus 70 anos, num disputado evento na Estação
das Docas, onde áulicos se enfileiravam para o beija-mão

Naquele dia, todos os jornais, emissoras de rádio e TV
exibiam incontáveis anúncios e homenagens, de órgãos públicos e empresas
privadas. Mesuras pululavam. Foi
instituído um culto. Experimentava então a solidão inebriante dos ungidos na
corte palaciana e a sempre perigosa distância da realidade forjada pelo séquito
voraz
, os
consiglieris
. Soldattos nem chegavam
perto.
Recém-saído do hospital, saúde frágil, Almir
Gabriel deve sentir o peso da solidão hoje, quando minguados amigos irão
festejar a data. Como na história de Gabriel Garcia Márquez, ninguém escreve ao coronel. Mas resta-lhe pelo menos o consolo de talvez já ter aprendido o que de fato tem valor na vida. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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