0
 

A
manifestação dos jornalistas, hoje, na porta da TV Record Belém, teve piquete,
panelaço, apitaço e até um tenso chega
pra lá
no apresentador do Balanço Geral, René Marcelo, que só entrou na
emissora sob a proteção de segurança armado e do diretor de jornalismo, que
estava desesperado com a iminência da TV ficar fora do ar.  Como se observa na foto, o segurança enfiou a
mão sob o paletó ameaçadoramente.  Mas
felizmente nenhuma violência aconteceu. Há muitos anos os jornalistas paraenses
não conseguiam ficar mobilizados e unidos em defesa de seus direitos. 

René Marcelo, paulista
que foi trazido pela Rede Record para trabalhar em Belém e acabou se tornando um
símbolo do desrespeito aos paraenses por falar mal da gente parauara e de seus
próprios colegas de redação que lutam por um salário digno, foi vaiado e teve
que ler os cartazes de repúdio.
 
Os
jornalistas que trabalham na Record estão há três anos sem reposição de perdas
salariais, queixam-se de salários aviltantes e fizeram relatos chocantes de
insegurança para equipes externas, desrespeito na redação, assédio moral e
humilhações protagonizadas pel
o apresentador. Mas a direção da empresa, dando bom exemplo, recebeu a
direção do Sinjor-PA e se mostrou aberta à negociação. A conversa foi cordial e
considerada produtiva e pode avançar para um acordo coletivo. A campanha é pelo
reajuste salarial, estabelecimento de piso da categoria, pagamento de hora
extra, segurança profissional e melhores condições de trabalho. Importantíssimo
frisar que a luta dos jornalistas não é contra os patrões e sim pela garantia
dos seus direitos.
Durante o ato público, muitos
jornalistas usaram o microfone para relatar suas agruras profissionais. Mas o
caso da jornalista Cristiane Paiva, sem dúvida, é um verdadeiro escândalo.
Cristiane era assessora de imprensa do
Hospital Metropolitano de Belém. Recebia salário de R$1mil, de uma empresa
terceirizada. Como se sabe, o hospital é dirigido por uma Organização Social.
E, por conta da desavença política entre o senador Jader Barbalho(PMDB), dono
do grupo RBA, com o governador Simão Jatene(PSDB), o jornal Diário do Pará e suas
emissoras de rádio e TV estão publicando uma série de reportagens a respeito da
OS, acusando-a de cometer irregularidades. Sabedor de que Cristiane era produtora
da TV RBA, sua chefia passou a assediá-la no sentido de que identificasse e
informasse à OS quem eram os jornalistas autores das matérias. Cristiane se
negou, a pressão aumentou, ela se manteve irredutível, alegando seu dever
ético,  e por sua lealdade aos colegas e
à RBA esta semana foi demitida do Hospital Metropolitano. Entretanto, como o
movimento “Jornalista Vale Mais” mostrou nas redes sociais na
internet um contracheque para ilustrar os baixos salários da categoria, a
direção da empresa achou que se tratava do contracheque de Cristiane e ela foi
demitida sumariamente, ontem, dia em que a categoria realizou manifestação em
frente à emissora. Cristiane agora está desempregada porque ousou reivindicar
seus legítimos direitos e porque é uma jornalista ética e leal e não se
submeteu à coação moral de um de seus empregadores.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

Lotação de Defensores no Pará é segredo de Estado

Anterior

Juíza de Altamira enquadra Celpa

Próximo

Você pode gostar

Comentários