Há exatos 22 anos, em 6 de dezembro de 1988, o deputado estadual constituinte João Carlos Batista foi assassinado em frente à sua casa, sob as vistas da mulher e das filhas. Advogado de posseiros, João Batista tombou, aos 36 anos de idade, lutando pela reforma agrária e justiça social.
O pistoleiro Roberto Cirino foi preso em fevereiro de 89. O pistoleiro Péricles Ribeiro, preso em junho de 93, fugiu, foi para o Maranhão, voltou ao Pará, assassinou mais oito pessoas, inclusive sua enteada, e foi de novo preso. Nenhum chegou a ser julgado e condenado.
Acusados como mandantes, os fazendeiros Josiel Martins e Oscar Ferreira permanecem em liberdade. Os também fazendeiros Camilo Uliana, Joaquim Fonseca e Davi Resende, todos arrolados no processo por envolvimento com o crime organizado no Pará, e apontados como mandantes do crime nos depoimentos que o matador de aluguel Péricles Ribeiro prestou à polícia, à Justiça e à CPI da Violência no Campo, realizada pela Alepa, nunca foram incomodados.
Antes de João Batista, o ex-deputado e advogado de trabalhadores rurais e sindicatos Paulo Fontelles de Lima foi assassinado enquanto abastecia um veículo no Posto Marechal IV, em Marituba, perto da da Alça Viária, em 11 de junho de 1987. Como eles, vários advogados, religiosos e lideranças sindicais foram vitimados na luta sangrenta pela posse da terra. Durante a década de 70 e a década de 80, a bárbarie ceifou a vida de centenas de militantes que defendiam a necessidade da reforma agrária em terras parauaras.
Todos os casos têm em comum a impunidade. No caso do Fontelles, o pistoleiro que o matou e o organizador do crime foram julgados e condenados, mas nenhum mandante foi julgado, muito menos para a cadeia.
Ainda hoje, perduram os latifúndios, a grilagem, a violência, a tortura e a morte. A quem interessa?
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