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Vejam só como a vida real é tão mirabolante quanto os folhetins: anteontem, Velusiano Mendes de Abreu, 54 anos, tratorista, foi julgado inocente pela maioria dos jurados do 3º Tribunal do Júri de Belém do Pará, presidido pela juíza Ângela Alice Alves Tuma. Ele era acusado de há 20 anos ter mandado matar Argemiro Gomes da Silva, então prefeito de Rio Maria, que tinha à época 41 anos. Conselho de Sentença acatou a tese de negativa de autoria defendida pelo advogado Glaydson da Silva Arruda, rejeitando a acusação sustentada pelo promotor de justiça Mário Raul Vicente Brasil. Além de negar participação no crime, o réu disse durante o julgamento que o prefeito tinha dezenas de inimigos. Aliás, os três envolvidos já julgados declararam em seus interrogatórios que Argemiro Silva era contumaz em forjar tentativas de homicídio para incriminar adversários políticos. Pois bem: naquele dia, Argemiro sobreviveu. 

Acontece que, em outubro de 2008, onze anos depois desse episódio, Argemiro Gomes da Silva foi de fato assassinado. Entre os acusados – adivinhem!  – Velusiano de Abreu responde pelo homicídio consumado.

O caso se passou em Rio Maria, município que fica a mais de 500 Km de Belém.
A motivação do crime não podia ser mais fútil e torpe: conforme o Ministério Público, Argemiro negou uma secretaria municipal que Adão Abreu, irmão de Velusiano, estava pleiteando. A tentativa de homicídio foi por volta das 22 horas, no dia 02 de fevereiro de 1997, na avenida Quatorze, na residência do então prefeito.
Além de Velusiano Mendes de Abreu, também foi denunciado seu irmão Adão Mendes de Abreu, que – acreditem! – morreu durante as investigações. 

Raimundo Santos Ferreira foi apontado pelo MP como intermediário e, como executores, Regivaldo Alves da Costa e Vicente Soares Silva Filho. Os três foram absolvidos por falta de provas, em novembro de 2016. O júri dos acusados foi desaforado de Rio Maria para Belém, a pedido da promotoria de Justiça. 
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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