Publicado em: 2 de julho de 2025
Lançada oficialmente nesta terça-feira, 1º de julho, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a Temporada Brasil-França 2025 promete ser um marco histórico na cooperação cultural entre os dois países. O anúncio da agenda foi feito em coletiva de imprensa que reuniu diplomatas, curadores, artistas, gestores públicos e representantes de instituições parceiras, revelando os principais eixos e eventos de uma programação que celebra os 200 anos de relações diplomáticas entre Brasil e França.
Ao todo, mais de 300 eventos estão previstos para acontecer em ambos os países ao longo de 2025, com foco em três grandes temas: democracia, emergência climática e diversidade cultural, com ênfase no diálogo com a África e os povos originários. Belém será um polo de articulação cultural, científica e política na preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30).
“É um grande momento, hoje, anunciar uma programação pensada a partir da admiração mútua entre nossos países. E é a cultura que está na base dessa relação histórica”, declarou Anne Louyot, comissária geral da Temporada França-Brasil 2025
“Essa temporada é também um convite para refletirmos juntos sobre os desafios da democracia, da emergência climática e da inclusão. E fazer isso por meio da arte é profundamente transformador”, acrescentou Emmanuel Lenain, Embaixador da França no Brasil
Após as aberturas em Brasília e São Paulo no fim de agosto, Belém será palco de ações estratégicas no segundo semestre da Temporada. O Fórum Científico Conexões Amazônicas será realizado no Museu Paraense Emílio Goeldi, reunindo cientistas, ambientalistas e lideranças de territórios amazônicos do Brasil, da Guiana Francesa e do Caribe. O evento buscará construir pontes de conhecimento e cooperação em torno dos desafios ambientais e sociais enfrentados pela região amazônica.
Já a Bienal das Amazônias acontecerá ao longo do segundo semestre em diversos espaços da cidade. A mostra contará com obras de artistas amazônicos, caribenhos e dos territórios ultramarinos franceses, promovendo uma leitura crítica e sensível das Amazônias plurais, com suas estéticas, políticas e modos de vida.
Pensando na interseção entre arte, ativismo e ciência, a Temporada também trará para Belém a instalação imersiva “Amazônia Habitada”, projetada especialmente para ocupar o espaço urbano em diálogo com o cotidiano da população durante a COP30. A proposta é tornar visíveis os modos de habitar e resistir na floresta, desde as vivências indígenas e ribeirinhas até as práticas agroecológicas e cosmologias locais.
Outro ponto alto da programação é a exposição “O Clima Não É Normal”, uma adaptação brasileira de mostra homônima francesa. A versão nacional será instalada no novo Centro Cultural Banco da Amazônia, com inauguração prevista para outubro. A curadoria é do jornalista e pesquisador Claudio Ângelo, do Observatório do Clima, com colaboração do cineasta Fernando Meirelles. A mostra propõe uma experiência sensorial e política em torno da crise climática, aliando dados científicos, narrativas audiovisuais e propostas de ação concreta.
Com organização conjunta entre os Ministérios da Cultura e das Relações Exteriores do Brasil e da França, a Temporada Brasil-França 2025 é inspirada na “poética da relação”, conceito do pensador Édouard Glissant, que propõe uma visão da cultura como campo de trocas, deslocamentos e abertura. Para a comissária geral da temporada, a diplomata Anne Louyot, o objetivo é construir um legado duradouro de cooperação cultural e estimular novas redes de criação e pensamento entre os países.
Em Belém, essa visão ganha contornos ainda mais simbólicos, já que a cidade, situada na encruzilhada entre a floresta e o Atlântico, transforma-se em vitrine internacional de soluções climáticas e práticas culturais ancestrais, fortalecendo o papel da Amazônia como território de futuro e resistência.
Foto: Francio de Holanda
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