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O Pará sofre há décadas os efeitos perversos do ódio entre grupos políticos rivais. Para desgraça de todos os parauaras, o que um faz o outro desfaz. Pois hoje, há cerca de uma hora, o presidente Michel Temer reuniu em seu gabinete o governador do Pará, Simão Jatene(PSDB), o ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho(PMDB), e o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, e finalmente assinou a cessão de uso da BR-316, no trecho que vai do Entroncamento, em Belém, até Marituba.

Há mais de um ano Jatene vinha pedindo a cessão. O então ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, chegou a anunciar em junho de 2015 que o ato seria efetivado até o dia 13 de julho do ano passado. Disse, na época: “nós estamos com problemas caseiros, mas vamos resolver. Já estamos finalizando esse processo”, sem explicar o termo “caseiro“, que ensejou mil e duas suposições. Pior: não cumpriu a palavra. Durante os debates do 11º Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, em Manaus, em 24 de julho de 2015,  Jatene cobrou publicamente o compromisso. De novo ouviu desculpas esfarrapadas e de lá para cá foram incontáveis as ocasiões de evidente jogo-de-empurra. E nada de solução.

Com a concessão pela União, o trecho de 16 quilômetros que vai até quase na entrada de Benfica, além da Alça Viária, passará a ser administrado pelo governo do Pará, que executará obras para melhorar o fluxo do tráfego no perímetro, entre elas a reconstrução das pistas, com três faixas em cada sentido, a implantação de ciclovias e a utilização do canteiro central para as obras de expansão do sistema de transporte urbano, tudo dentro do programa Ação Metrópole. O projeto inclui a construção de alternativas viárias à BR-316, como o prolongamento das avenidas João Paulo II e Independência, e a adequação de vias que integram a rede de transporte coletivo. Agora Jatene poderá lançar a licitação do BRT Metropolitano, que compreende exatamente o trecho que passará à gestão estadual. As obras receberão recursos da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), com contrapartida do Estado. Entre os serviços a serem executados está a drenagem, que praticamente inexiste. A rodovia também vai ganhar nova iluminação, toda em LED, e ciclovias nas extremidades, além de bicicletário e passarelas. A pista central será exclusiva para o BRT. O investimento do governo do Estado vai girar em torno de R$ 1 bilhão.

A ideia data do governo Almir Gabriel, quando Jatene era secretário especial de Produção. Desde 1998 a Setran já trabalhava pela cessão, que por questiúnculas partidárias não foi concretizada. 

Vamos acompanhar e cobrar.
Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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