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A CPI nos permitiu compreender que, entre os maus tratos cometidos contra crianças e adolescentes, o abuso sexual é a ultrapassagem de limites de direitos humanos, de limites legais ou de poder, que afeta irremediavelmente o desenvolvimento das vítimas. É a desumanização de quem é atingido, destruindo a sua identidade, transformando-a em mercadoria e objeto que atende à nefasta necessidade do abusador. Junta-se à violação do corpo, a violação da alma.

Vimos crianças com o olhar perdido, triste, rosto pálido, assustado, e, pior do que isto, envergonhadas, como se fossem elas as culpadas! Ainda assim, tiveram coragem de contar suas histórias, substituindo o medo pela confiança que nos dedicaram. Aliás, esse foi o maior mérito da CPI: romper o pacto do silêncio, favorecido pela cultura hegemônica da nossa sociedade que acata a violência como elemento constitutivo das relações humanas, por ainda considerar “natural” o poder do mais forte sobre o mais frágil.

A CPI permitiu trazermos à luz crimes silenciosos, malignos, com sequelas emocionais incuráveis e dar voz aos que foram atemorizados para se calarem. Desenterramos de profundezas subterrâneas muita dor e pranto de vítimas desprotegidas, expusemos à sociedade e à opinião pública a gravidade e complexidade dessa mazela social.

(…)O Poder Judiciário tem a tarefa de garantir a celeridade na apuração das denúncias e na rigorosa pena que merecem esses criminosos. Todos sabemos que a impunidade inibe a coragem, destroi a confiança e enfraquece a cidadania.”

(Trecho do relatório final da CPI da Pedofilia da Alepa, cujo relator foi o deputado estadual Arnaldo Jordy (PPS), presidida pelo deputado Adamor Aires (PR) e integrada pelas deputadas Simone Morgado (PMDB), Regina Barata (PT), Suleima Pegado (PSDB), e deputados Márcio Miranda (DEM) e Deley Santos (PV)).

O blog vai publicar, em partes, todos os dias, trecho desse importante documento em defesa da dignidade e da vida de nossas crianças e adolescentes. Ajudem a divulgar e a pressionar pela punição dos culpados de tão pavoroso crime.

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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