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Em setembro de 2024, o Parque Zoobotânico Mangal das Garças recebeu, de surpresa, uma fofíssima filhote de coruja Murucututu que foi encontrada abandonada dentro do complexo. Como o animal foi deixado sem informações prévias, a equipe técnica do Mangal das Garças seguiu rigorosamente o protocolo padrão de quarentena. Este procedimento é essencial para evitar a transmissão de doenças e garantir o bem-estar tanto do filhote quanto dos outros animais que habitam o espaço. Depois disso, ela foi oficialmente integrada ao Mangal no início de outubro.

De acordo com Camilo Gonzalez, veterinário responsável pelo cuidado da nova moradora, a coruja Murucututu demonstrou sinais claros de ter sido criada por seres humanos. “Acreditamos que a pessoa que a mantinha em casa estava criando-a, pois ela é muito tranquila e acostumada com seres humanos. Provavelmente, quando ela cresceu e suas garras ficaram mais fortes, pode ter machucado alguém, e a pessoa decidiu deixá-la em algum lugar. Isso é algo que acontece com frequência: as pessoas criam animais quando são filhotes, mas, ao desenvolverem seus instintos, acabam ficando receosas e, após um incidente, abandonam o animal”, explica Gonzalez. 

Ele também destaca que essa prática representa um duplo erro, pois o animal é retirado da natureza e, mais tarde, abandonado sem condições adequadas de sobrevivência. “Isso ocorre muito com algumas espécies, especialmente aves de rapina”, afirma o veterinário.

A corujinha, com cerca de oito meses de vida, exigiu uma atenção especial quanto à sua nutrição. Filhotes de aves afastados de seus pais precisam de alimentação específica para garantir um desenvolvimento saudável. Gonzalez comenta sobre os erros comuns que ocorrem quando filhotes de aves de rapina, como gaviões e corujas, são encontrados por pessoas leigas. “Muitas pessoas acabam dando carne de boi para filhotes de gaviões ou corujas quando os encontram, mas isso não é adequado. Na natureza, essas aves nunca comeriam boi, pois são pequenas e não têm acesso a esse tipo de carne. Alimentá-las com carne de boi pode causar problemas de saúde graves”, alerta.

O veterinário recomenda que, no caso de alguém precisar cuidar temporariamente de um filhote de ave de rapina, o ideal é oferecer alimentos como peito, pescoço ou coração de frango, que são mais próximos do que essas espécies encontrariam na natureza.

Para incluir o público na adoção da nova moradora, o Mangal das Garças está promovendo uma enquete para a escolha do nome da nova coruja em seu perfil oficial no Instagram (@mangaldasgarcas) no dia 22 de outubro. Os nomes concorrentes são: Tapioca, Maniçoba, Iara e Mandioca. A votação estará disponível por 24 horas nos stories. A galera do Uruá-Tapera já participou com sucesso.

O Parque Zoobotânico Mangal das Garças, que funciona de terça a domingo, das 8h às 18h, é um dos mais importantes espaços de preservação e educação ambiental na região Norte do Brasil. Além de abrigar uma rica diversidade de aves, répteis e outras espécies da fauna amazônica, o Mangal também desempenha um papel fundamental na reabilitação de animais silvestres que, como a coruja Murucututu, foram abandonados ou resgatados de condições inadequadas.

O Mangal é um local de referência para a preservação da fauna amazônica, educando o público sobre a necessidade de respeitar e cuidar da natureza, e garantindo que os animais resgatados recebam todo o suporte necessário para viverem em segurança.

Foto: Agência Pará / Divulgação

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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