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O Encontro do Diretório Estadual do PT no Pará acabou sem definir quem será pré-candidato ao Senado. A decisão ficou para 15 de janeiro de 2022. Vão protelar até lá para tentar chegar a um consenso. O embate é duro e o adiamento já acontece pela segunda vez. Quem conhece o âmago do PT sabe que os dois adiamentos mostram a força do senador Paulo Rocha, que quer pleitear a reeleição mas esbarra nas pretensões do deputado federal Beto Faro. Que comanda 80% do diretório estadual, mas ainda assim, quando PR pediu mais um mês para consultar suas bases ele recuou e foi embora com cara de enterro. Tinha até festa programada para festejar a sua indicação. Acontece que Beto não tem maioria política na militância. Ele precisa de um PT unido, se der canelada no PR racha o partido ao meio e acaba não se elegendo.

Não basta ter voto no diretório, tem que juntar o partido. Ainda está muito vivo na memória de todos o estrago que Beto causou nas eleições municipais do ano passado, quando forçou a candidatura de Cleidinho em Cametá. Foi o pior resultado da história do partido. Gato escaldado tem medo de água fria. De modo que hoje Beto Faro poderia ter batido de frente e vencido de goleada. Tem o trator na mão, era só ligar e passar por cima. Porém, a consequência seria imprevisível. A militância poderia simplesmente não entrar na campanha. Daí que derrotar o PR na marra não é boa ideia. Quem detém a maioria interna e não consegue construir consenso pode acabar desgraçando a sigla e a si próprio. Fato ilustrativo é que ontem (3) a reunião começou sem a presença de PR, o que causou mal-estar geral. Afinal de contas, nos últimos quarenta anos ele jamais faltou. Todo mundo ligando ou enviando mensagens. Corre daqui, vai dali, o senador chegou e tudo se acalmou.

Neste momento ainda não há regra para o jogo, e necessariamente tudo vai depender do que será resolvido no próximo dia 16, quando o PT nacional reunirá para definir a disputa interna. Paulo Rocha está batendo bola a partir de agora com o calendário, apostando em uma costura nacional que inviabilize a candidatura de Beto Faro, que é um figurante no cenário petista nacional. PR é figura carimbada. Disputou o governo do Pará, já foi líder do PT na Câmara e atualmente é o líder do PT no Senado. Isso conta muito.

Por outro lado, o PT Pará quer aglutinar todas as forças para construir uma ampla aliança em torno de Lula, manter a vaga no Senado, aumentar as bancadas estadual e federal, e ainda conta com o apoio do governador Helder Barbalho. Só que Helder está preocupado com a sua própria eleição. E não esconde que ficou fulo com Paulo Rocha porque pediu para não ter candidato do PT mas não foi ouvido, o que acabou levando ao segundo turno e para piorar as coisas PR não gravou pra ele no horário eleitoral. Isso não foi superado. Em recente conversa que teve com Lula em Brasília, Helder se queixou de PR. Lula disse que gostaria de ver reeditada a aliança de 2014 e Helder retrucou que “no Pará o diálogo é com o Beto”.

Em janeiro o PT vai apresentar o nome por consenso ou realizar votação. BF e PR que lutem. O que mudará na conjuntura nacional será decisivo para as hostes parauaras. Beto tem dinheiro e estrutura para a campanha, o apoio do Helder e manda no diretório estadual. Paulo Rocha se fia que Lula vai impor sua candidatura. Perguntei ao meu amigo filósofo mudo de Oriximiná a sua opinião e ele exclamou: “_Humm…hummmmmm!”

Franssinete Florenzano
Jornalista e advogada, membro da Academia Paraense de Jornalismo, da Academia Paraense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo e do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós, editora geral do portal Uruá-Tapera e consultora da Alepa. Filiada ao Sinjor Pará, à Fenaj e à Fij.

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