Publicado em: 7 de maio de 2025
Belém será o ponto final de um importante circuito nacional que celebra o legado de Lélia Gonzales, uma das maiores intelectuais do século XX. A partir do dia 20 de maio, o Espaço São José Liberto recebe o encerramento do Projeto Memória – Lélia Gonzalez: Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas, com programação educativa e cultural voltada à valorização da história da filósofa, antropóloga e militante que revolucionou o pensamento sobre raça e gênero no Brasil.
A mostra educativa, que permanecerá aberta até 29 de junho, e o seminário nos dias 20 e 21 de maio marcam os 90 anos de nascimento de Lélia Gonzalez (1935–1994), referência do feminismo afro-latino-americano e da luta pelos direitos das mulheres e das populações negras e menorizadas.
A iniciativa é promovida pela Fundação Banco do Brasil, com realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), com o apoio do Governo do Pará.
Após circular por seis capitais brasileiras — Belo Horizonte, Salvador, São Luís, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre —, o projeto chega a Belém como culminância de um percurso de quase dois anos. A expectativa é de que mais de 24 mil pessoas participem das atividades presenciais em todo o país, sendo 14 mil estudantes das redes públicas de ensino.
Em Belém, cerca de 2 mil alunos do ensino médio participarão de visitas escolares orientadas e gratuitas à mostra. Exibida no hall de entrada do Anfiteatro Coliseu das Artes, a exposição conta com painéis informativos, recursos de acessibilidade e será acompanhada de um videodocumentário de 32 minutos sobre a trajetória de Lélia Gonzalez — com Libras, audiodescrição e legendas — a ser transmitido também em canais de TV públicos e comunitários.
Além disso, o projeto distribui gratuitamente um livro fotobiográfico e o Almanaque Pedagógico sobre Lélia Gonzalez, ferramenta educacional acessível voltada a educadores, estudantes e gestores escolares.
O seminário “Caminhos e Reflexões Antirracistas e Antissexistas” será realizado nos dias 20 e 21 de maio, das 17h30 às 22h, no Anfiteatro Coliseu das Artes, com acesso gratuito mediante retirada de ingressos pela plataforma Sympla (sujeito à lotação).
Estão confirmadas no evento pensadoras e ativistas de referência nacional, como Jurema Batista, professora, ex-parlamentar e indicada ao Prêmio Nobel da Paz; Zélia Amador de Deus, professora e especialista em cultura afro-diaspórica; Márcia Lima, socióloga e coordenadora do Núcleo Afro do Cebrap; Mônica Conrado, professora da UFPA e socióloga; e Ana Maria Sousa, turismóloga e representante do BB Black Power. A mediação das mesas será feita por Vanusa Cardoso, da Frente em Defesa dos Territórios, e Nilma Bentes, uma das fundadoras da Rede Fulanas – Negras da Amazônia Brasileira.
As convidadas irão refletir sobre os legados de Lélia Gonzalez, conectando sua obra às lutas contemporâneas por justiça racial, equidade de gênero e enfrentamento das violências estruturais que marcam o cotidiano das mulheres negras no Brasil.
Ao longo das décadas de 1970 e 1980, Lélia Gonzalez foi uma voz pioneira no campo dos estudos afro-brasileiros, denunciando o racismo e o sexismo nas estruturas sociais, na política e nas instituições educacionais. Seu pensamento articulava as lutas do movimento negro com o feminismo e com os direitos das populações marginalizadas.
Autora de obras fundamentais como “Por um Feminismo Afro-Latino-Americano” e “Lugar de Negro” (em coautoria com Carlos Hasenbalg), Lélia foi também fundadora de organizações como o Movimento Negro Unificado (MNU) e o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN). Sua atuação permanece como um farol para novas gerações de pensadoras e ativistas.
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