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A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) passou a integrar oficialmente uma das mais ambiciosas iniciativas científicas brasileiras voltadas à soberania tecnológica e ao desenvolvimento sustentável de recursos estratégicos. O INCT Matéria — Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia “Materiais Avançados com Ênfase em Terras Raras: Inovações e Aplicações” é uma rede que reúne 15 instituições de ensino e pesquisa, sob coordenação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com financiamento de R$ 10,2 milhões para os próximos cinco anos.

A proposta do INCT Matéria é fomentar pesquisa de ponta, inovação tecnológica e formação de recursos humanos em torno dos elementos das chamadas terras raras, grupo de 17 elementos químicos fundamentais para indústrias estratégicas como energia renovável, mobilidade elétrica, tecnologias de defesa, microeletrônica, sensores e equipamentos médicos. Embora essenciais, esses recursos têm produção global concentrada, tornando o Brasil altamente dependente de importações.

O projeto se estrutura em três eixos principais: extração sustentável, com foco no desenvolvimento de métodos mais eficientes e ecologicamente responsáveis para obtenção de terras raras a partir dos minérios nacionais; cerâmicas complexas, voltado à criação de materiais cerâmicos com aplicações em dispositivos optoeletrônicos, sensores, lasers e sistemas de comunicação; e ímãs permanentes, que envolve a pesquisa e desenvolvimento de ímãs de alta performance, essenciais para turbinas eólicas, motores de veículos elétricos, equipamentos de geração de energia e aplicações em robótica.

A participação da Ufopa acontece através da professora Querem Hapuque Felix Rebelo, doutora em Física e docente no Instituto de Engenharia e Geociências (IEG), que desenvolve estudos em síntese e caracterização de compostos avançados com propriedades estruturais, ópticas e magnéticas. O foco da universidade estará na prospecção e caracterização mineralógica de elementos de terras raras na região amazônica, contribuindo para mapear o potencial mineral da região e promover seu uso com agregação de valor e responsabilidade ambiental.

“A Ufopa vai contribuir para o desenvolvimento de materiais e aplicações baseados em terras raras. Minha atuação é centrada na síntese e caracterização de novos compostos, com ênfase em suas propriedades e em aplicações tecnológicas avançadas”, explica a professora.

Esse protagonismo é especialmente relevante diante do vasto potencial mineralógico da Amazônia, que pode se tornar um dos principais territórios estratégicos para suprimento interno e exportação desses elementos, hoje em sua maioria controlados por países asiáticos. O projeto, portanto, também dialoga com a defesa da soberania nacional sobre os recursos naturais da Amazônia e com o fortalecimento de cadeias produtivas de base tecnológica no Norte do país.

Aprovado no edital MCTI/CNPq/SECTI/MS/CAPES/FAPs nº 46/2024, o INCT Matéria integra o esforço do governo federal para consolidar o programa de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, voltado a temas de impacto científico e estratégico para o Brasil. A rede do projeto inclui, além da Ufopa e da Ufam, instituições como: USP, UFMG, UFABC, UFSC, Ufes, UFCAT, IPEN/CNEN, CDTN, CPRM, CETEM, IPT, Ifam e o Senai-SP.

Ao aliar pesquisa básica e aplicada, inovação e formação de especialistas, o projeto pretende romper a dependência tecnológica do Brasil em setores cruciais e promover a transformação dos minérios em produtos de alto valor agregado, representando uma virada histórica na lógica extrativista que marca a exploração de recursos naturais no país.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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