O Genfest é um evento que ocorre a cada seis anos, em nível internacional, organizado pelo setor juvenil do Movimento dos Focolares, movimento espiritual e social de origem católica. Seu nome vem da palavra italiana “focolare”, que significa “lar” ou “fogueira”, e simboliza o calor, a luz e a unidade que o movimento busca promover. Em 2024, pela primeira vez é sediado no Brasil, e Abaetetuba e Santarém estão entre os municípios brasileiros e da América Latina que receberam ações sociais em sua primeira fase, entre os dias 12 e 18 de julho.
Chiara Lubich, que fundou o movimento em 1943, na cidade de Trento, na Itália, foi uma figura carismática que acreditava que a fraternidade universal poderia ser alcançada através do amor mútuo e do compromisso com a justiça social. Hoje, o Movimento dos Focolares está presente em mais de cento e oitenta países, com milhões de membros e simpatizantes de diferentes religiões, culturas e estilos de vida. O movimento promove o diálogo entre diferentes grupos religiosos e não religiosos, visando a construção de pontes de compreensão e cooperação; prega a Economia de Comunhão, uma iniciativa econômica que visa criar empresas que funcionem de acordo com princípios de solidariedade e partilha de lucros, contribuindo para a redução da pobreza e a promoção da justiça social; e investe em programas educacionais que promovem valores de paz, solidariedade e cidadania global, preparando jovens e adultos para serem agentes de mudança em suas comunidades, além do envolvimento dos membros do movimento em diversas iniciativas de ajuda humanitária, promoção dos direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
O Movimento dos Focolares está presente no Brasil desde 1958, com sessenta e sete centros de difusão e cerca de oitenta e dois mil membros espalhados por mais de quinhentas cidades. Durante a primeira fase do Genfest 2024, os jovens participantes realizaram atividades de voluntariado em diversas organizações sociais, cruciais para fortalecer a liderança juvenil e fomentar a criação de redes e alianças com a América Latina. A iniciativa tem parceria com o programa de voluntariado internacional MilONGa e a UNIRedes, uma entidade que reúne mais de cinquenta organizações e movimentos sociais de doze países da América Latina e Caribe e promove ações de transformação em diversos campos, como arte e cultura, meio ambiente, governança democrática, educação e trabalho.
Entre as organizações sociais que participaram da primeira fase do Genfest estão a Mariapolis Glória e o Instituto Mureru Eco Amazônia (IMEA). Pela Mariapolis Glória, os jovens atuaram em projetos sociais nas comunidades ribeirinhas das ilhas de Abaetetuba, enfrentando problemas como abuso sexual, tráfico e exploração infantil. A experiência envolveu também atividades culturais e promoção do comércio da produção local, como aconteceu na Comunidade do Rio Genibauba, onde a Associação de Mulheres Artesãs Quilombolas do Rio Genibauba expôs produtos genuinamente paraenses, e a Inajá Biodiversidade e Sustentabilidade trouxe uma variedade de produtos regionais e biodegradáveis. Jocilene Costa, presidenta da Associação de Mulheres Artesãs Quilombolas, destacou a importância das visitas de pessoas de fora do Pará e do Brasil na comunidade, onde puderam apreciar uma exposição fotográfica e conhecer o artesanato e os produtos da agricultura familiar, contribuindo para a divulgação da cultura local e ampliação da rede de negócios. Enilda Vasconcelos, empreendedora da Inajá Biodiversidade e Sustentabilidade, sonha em levar os produtos, todos naturais e extraídos da terra, para as lanchonetes, restaurantes e supermercados do Pará. A prefeita de Abaetetuba fez questão de provar – e aprovar – um brigadeiro feito a partir da semente de açaí. Francineti Carvalho destacou que quem realmente cuida e protege a natureza são os nossos povos tradicionais.
O IMEA, fundado em 2016, é uma associação voltada para a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, além de promover a educação ambiental e proteger populações tradicionais. O instituto coordena projetos como a Escola D’água, uma iniciativa integrante do programa internacional Swarovski Waterschool, implantado em Santarém em 2014, em parceria com o Earth Child Institute. O principal objetivo do projeto é inspirar as gerações presentes e futuras a adotar práticas de uso sustentável da água, assegurando saúde e disponibilidade de água limpa para todos. Para isso, capacita crianças, adolescentes e professores de escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio, abrangendo territórios indígenas e quilombolas, regiões ribeirinhas de terra firme, áreas alagáveis ou de várzea, além de escolas situadas no planalto e na cidade; e o Território Transformador do Tapajós, focados na formação de lideranças juvenis e na sustentabilidade ambiental da Amazônia. A iniciativa, Lançada em setembro de 2021, pretende atingir pelo menos 1% das juventudes do território tapajoara com narrativas, ações e experiências, defendendo a visão de que todas as pessoas, incluindo crianças e jovens, têm potencial e capacidade de ação e transformação nas estruturas mundiais que geram desigualdades.
As fases dois e três do Genfest 2024 acontecem entre os dias 19 e 24 de julho em Aparecida, São Paulo.
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