O largo de São Brás voltará ao antigo esplendor com o restauro do Mercado, joia arquitetônica, e requalificação de todo o entorno. O prefeito Edmilson Rodrigues teve a feliz ideia de abrir visitas guiadas à praça Floriano Peixoto e ao pavilhão norte, a fim de que as pessoas interessadas possam viver essa experiência histórica, naturalmente com todos os cuidados quanto à segurança, e também desvendar um pouco dos 114 anos de história do local na exposição “Renascimento”, montada pela professora doutora Rosa Arraes, museóloga e diretora da Casa Museu Palacete Francisco Bolonha, traçando uma linha do tempo desde a inauguração, em 1911, até o momento atual, com textos sobre a importância dele para a cidade e o patrimônio histórico de Belém. Ainda nesta semana será publicado chamamento público para interessados nos espaços do mercado, batizado inicialmente Renascença e não por acaso construído junto à estação da extinta ferrovia Belém – Bragança.
Caminhar pelas sacadas da edificação histórica apreciando a paisagem ao por do sol e a leve brisa da boca da noite, com a lua cheia surgindo grandiosa, não tem preço e desperta o sentimento de pertencimento. Projetado no início do século XX pelo arquiteto italiano Filinto Santoro, o Mercado tem estrutura de ferro que mescla elementos do art nouveau e neoclássico, com detalhes em ferro e azulejos decorativos. A Praça Floriano Peixoto, integrada como espaço de convivência, já vem sendo apropriada por jovens, que aproveitam para animados bate-papos e remete à necessidade de amar a cidade, cuidar e preservar esse legado, que faz parte da identidade paraense. Dez palmeiras com quase dois metros de altura implantadas para arborizar o local já foram furtadas e terão que ser repostas. O complexo será gerido por uma Organização Social, que terá um plano de segurança e de manutenção de todos os espaços.
Orçada em R$ 125,6 milhões, a obra é fruto de convênio entre a Prefeitura de Belém e a Itaipu Binacional. Com a requalificação, o complexo ganhará espaços turísticos, gastronômicos e culturais, e um estacionamento subterrâneo para cerca de duzentos carros, além de melhorias no entorno como pavimentação, drenagem e iluminação em LED, totalizando 330 estabelecimentos.
O prédio central está dotado de escadas rolantes e elevadores panorâmicos. O Mezanino 1 abrigará lojas de artesanato, quiosques e espaços gastronômicos e o Mezanino 2 terá quatro restaurantes gourmet, com sacadas. Há um palco para apresentações intimistas e no espaço externo podem ser realizados shows. Os dois mezaninos têm quatro banheiros para pessoas com deficiência e fraldários. No entorno do prédio central serão instalados os 193 feirantes remanescentes e novos locatários.
Durante as escavações foram encontrados cinco mil e quinhentos fragmentos do século XIX, a maioria louças, nenhum considerado relevante. Todos foram resgatados, catalogados e classificados pela equipe arqueológica da obra e encaminhados para o Museu de Arte de Belém. A prefeitura pretende expor as peças no dia da inauguração.
A obra já gerou 3.500 empregos diretos e indiretos e a ideia é que o mercado funcione como espaço de negócios, cultura e lazer. O projeto de restauro e ressignificação, do renomado arquiteto Aurélio Meira, inclui um centro de convenções, restaurante panorâmico, terraço, área para as boieiras, feira, mezaninos, um centro comercial moderno e multifuncional, com aproveitamento de energia solar, estações de tratamentos de água e esgoto e compostagem do lixo ali gerado com produção de energia, tudo de forma sustentável, sem custo para os cofres públicos.
A iluminação noturna da fachada e suas laterais realça o requinte do acabamento e os detalhes das colunas e varandas.
De quebra, o complexo de São Brás também vai impulsionar a culinária de Belém, que desde 2015 detém o selo de Cidade Criativa da Gastronomia, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
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