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O podcast “Operação Prato”, que teve seu primeiro episódio lançado pela Globo no último dia 24 de setembro, mergulha em um dos casos mais misteriosos da ufologia brasileira, conhecido por seus relatos de luzes misteriosas e fenômenos inexplicáveis no Pará, nos anos 1970. Produzido por Paratopia e dirigido por Ivan Mizanzuk, o podcast é apresentado por Andrei Fernandes e adota uma abordagem investigativa, buscando aprofundar as histórias sobre o fenômeno conhecido como “chupa-chupa” que assustou os moradores da região, especialmente em localidades como Colares. O podcast também traz a jornalista parauara Syanne Neno, que empresta sua voz para as matérias publicadas na época sobre o caso. Os episódios são publicados às terças-feiras em diversas plataformas, como o SpotifyApple Podcasts e Deezer.

A série combina elementos de true crime e mistério e oferece uma narrativa detalhada e entrevistas com sobreviventes e especialistas que acompanham o caso, apresentando relatos inéditos e materiais de arquivo e trazendo à tona depoimentos de testemunhas que alegam ter sido atacadas por raios luminosos vindos do céu. Esses eventos geraram um clima de pânico na época, com a população local recorrendo a fogueiras e preces para afastar o que acreditavam ser uma ameaça sobrenatural. Além de abordar as consequências sociais e emocionais dos avistamentos, o podcast explora as tentativas de controle de informações por parte das autoridades militares brasileiras e a posterior investigação da Aeronáutica, que ficou conhecida como Operação Prato.

A Operação Prato é um dos casos mais enigmáticos de avistamentos de objetos voadores não identificados (OVNIs) já registrados no Brasil, despertando o interesse de ufólogos e curiosos por décadas. A missão foi conduzida pela Força Aérea Brasileira (FAB) em 1977 e 1978, sob a liderança do capitão da Aeronáutica Uyrangê de Hollanda Lima, com o objetivo de investigar relatos de luzes estranhas e fenômenos misteriosos no litoral do Pará, especialmente nas regiões de Colares, Mosqueiro, Ananindeua e Vizeu.

Os primeiros relatos de fenômenos estranhos surgiram em setembro de 1977, quando moradores dessas localidades relataram ter sido atacados por “raios luminosos” provenientes do céu. Essas luzes teriam deixado marcas de queimaduras e sintomas como anemia, tontura e febre nas vítimas, sendo apelidadas de “chupa-chupa” ou “luz vampira” pela população local. A médica Wellaide Cecim Carvalho, diretora da Unidade de Saúde de Colares na época, relatou que os pacientes apresentavam “dois orifícios paralelos, como se agulhas tivessem penetrado a pele”.

Diante do pânico generalizado, o então prefeito da região solicitou apoio militar, resultando na formação da Operação Prato. Durante quatro meses, o capitão Hollanda e sua equipe, equipada com câmeras, binóculos e filmadoras, investigaram os relatos e monitoraram o céu em busca de evidências dos fenômenos. O capitão relatou ter observado, junto com outros militares, um objeto de cerca de 100 metros de comprimento, em formato de bola de futebol americano, que teria sido fotografado e filmado pela equipe.

Apesar das evidências coletadas, incluindo mais de 500 fotos e 16 horas de filmagens, a operação foi encerrada abruptamente por ordem do brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, comandante do 1º Comando Aéreo Regional (Comar 1). A decisão de interromper as investigações gerou especulações e questionamentos que permanecem até hoje. Muitos ufólogos, como Ademar José Gevaerd, editor da revista “UFO”, acreditam que parte dos registros da Operação Prato permanece em sigilo. O jornalista parauara Carlos Mendes tem incontáveis reportagens e um livro sobre o caso: “Luzes do Medo – Relato de um Repórter na Operação Prato”.

Em agosto de 1997, Ademar Gevaerd teve a oportunidade de entrevistar o capitão Hollanda, que revelou detalhes adicionais sobre os avistamentos e confessou ter temido ser abduzido durante a operação. Dois meses após a entrevista, o capitão tirou a própria vida, o que gerou teorias sobre uma possível queima de arquivo ou até mesmo um novo recomeço sob outra identidade.

A Operação Prato deixou um acervo considerável de documentos e registros visuais, que atualmente está arquivado no Arquivo Nacional. Embora a FAB tenha informado que todo o material disponível já foi entregue ao Arquivo Nacional, ufólogos como Thiago Luiz Ticchetti, presidente da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), acreditam que há mais informações não reveladas. Os relatórios disponíveis abrangem apenas seis documentos sobre a Operação Prato, apesar de serem um dos materiais mais consultados do Arquivo Nacional.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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