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Quem estiver em Belém no próximo bimestre terá uma oportunidade única para mergulhar na vida e obra de um dos mais importantes poetas contemporâneos amazônidas. A exposição “Paes Loureiro: operário do raro” abre nesta terça-feira, 10 de dezembro, às 19h, no Museu de Arte de Belém (MABE), em homenagem aos 85 anos do poeta João de Jesus Paes Loureiro, completados em junho de 2024. A mostra estará aberta ao público gratuitamente até o dia 30 de janeiro de 2025 e integra uma série de ações culturais que compõem a Ocupação Paes Loureiro. Durante o evento de abertura, haverá uma apresentação literomusical com o próprio Paes Loureiro em parceria com Pelé do Manifesto.

João de Jesus Paes Loureiro é descrito como um autor multifacetado, cuja produção poética e intelectual reflete uma perspectiva decolonial que pensa o mundo a partir da Amazônia. Sua obra traça um retrato único da complexidade cultural e histórica da região, apresentando um diálogo profundo entre indivíduo, natureza e cultura, elementos que ele sistematizou em sua concepção da “poética do imaginário”.

Além de poeta, Paes Loureiro desempenhou papel relevante em políticas culturais no estado do Pará e viveu intensamente os embates do período da ditadura militar no Brasil, sendo perseguido e preso. Esses momentos de sua vida estão representados na exposição, reforçando seu perfil de pensador inquieto e criativo, sempre aberto às interlocuções entre poesia, música e outras linguagens artísticas.

Organizada pelo poeta Marcílio Caldas Costa, a exposição reúne uma diversidade de materiais que traçam um panorama da vasta produção de Paes Loureiro. Entre os destaques estão fotografias raras, capas de livros – incluindo seu primeiro livro, “Tarefa” –, cartas, discos e vídeos que documentam momentos marcantes de sua vida. 

O acervo fotográfico da exposição inclui imagens raras, como a foto mais antiga do poeta, registros de encontros com figuras icônicas como Vinicius de Moraes e Mário Quintana, e momentos ao lado de parceiros musicais como Paulo André Barata. Essas fotografias ilustram a trajetória de Paes Loureiro e o situam no centro de uma vibrante cena cultural brasileira.

Outro ponto alto são as cartas trocadas entre o poeta e importantes intelectuais, como Carlos Drummond de Andrade, Ivan Junqueira e Gilbert Durand. Esses registros revelam as conexões de Paes Loureiro com a literatura nacional e internacional, bem como sua influência em diferentes círculos intelectuais.

A mostra também apresenta capas de discos raros em que os poemas de Paes Loureiro foram musicados por artistas renomados, como o Quinteto Violado, e suas colaborações com músicos como Salomão Habib e Sebastião Tapajós.

Além da exposição, a Ocupação Paes Loureiro inclui uma série de eventos que convidam o público a explorar diferentes aspectos da vida e obra do poeta. Entre as atividades estão saraus de poesia, um colóquio sobre sua produção intelectual, oficinas e o lançamento de um site dedicado ao autor.

Gabriella Florenzano
Cantora, cineasta, comunicóloga, doutoranda em ciência e tecnologia das artes, professora, atleta amadora – não necessariamente nesta mesma ordem. Viaja pelo mundo e na maionese.

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